Sem nenhum jogo à vista, e com o risco de contágio do coronavírus na espreita: a suspensão dos campeonatos europeus coloca os jogadores em uma situação inédita entre a ameaça do confinamento e a obrigação de se manterem em fora.

O dilema é real: é preciso treinar apesar da possibilidade de propagação do vírus, ou descansar sob o risco de perder a forma física à espera do reinício da temporada?

“Os clubes estão livres para organizar treinos como acharem melhor”, afirmou nesta sexta-feira (13) a presidente da Liga de Futebol Profissional da França, Nathalie Boy de la Tour.

Mas com uma promessa em mente: o Campeonato Francês “voltará”. Até lá, a ministra francesa de Esportes, Roxana Maracineanu, complicou a vida dos clubes ao impor um limite de até 10 pessoas para grupos de treinamento.

Assim, alguns clubes na França suspenderam seus treinos (Saint-Etienne), o Bordeaux entregou uma cartilha com sessões individualizadas de treino e o PSG mandou seu elenco ficar em casa até domingo (15).

– ‘Treinar não é um fator de risco’ –

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“O treinamento por si só não é um fator de risco”, tranquilizou o doutor Emmanuel Orhant, diretor médico da Federação Francesa (FFF).

“É preferível ter jogadores que venham treinar e que sejam constantemente lembrados das medidas a tomar”, continuou.

“Convido os jogadores a limitar seus deslocamentos, suas saídas por prazer e a permanecer em suas casas”, explicou Jean-Philippe Gilardi, médico do Nice, clube cujo elenco principal está treinando três vezes por semana. “Nos dias de treino, durante o café da manhã no CT, perguntamos sobre o estado de saúde (do jogador). Se houver uma pessoa infectada, todo o clube será colocado em quarentena”.

Esta é a maior preocupação das equipes, após o Covid-19 afetar grandes clubes do futebol europeu como Arsenal, Juventus e Real Madrid. O vírus não distingue tradição ou poderio financeiro na hora de fazer uma vítima.

“O perigo não é palpável, mas os jogadores, especialmente os mais jovens, precisam ficar muito atentos. Alguns estão muito mais estressados do que outros. É preciso estar atento e prudente”, declarou Rudi Garcia, técnico do Lyon, clube no qual a temperatura corporal dos jogadores e dos membros da comissão técnica é medida duas vezes por dia.

“Se houver casos, e haverá, a vantagem é que um médico estará sempre presente e saberá a forma correta de se trabalhar, de seguir as recomendações para colocar a equipe em confinamento”, detalhou o doutor Orhant.

– Possível ‘avalanche’ de jogos –

Enquanto isso, não é conveniente perder a forma física. “O problema é administrar o tempo. Não sabemos quando as competições voltarão e não é tão fácil gerir as semanas sem ter uma data de volta”, analisou Pascal Gastien, técnico do Clermont, da 2ª divisão francesa. “Teremos que fazer uma grande preparação física para voltar. Se voltarmos em maio, teremos uma avalanche de jogos pela frente”.

Para abordar melhor as partidas acumuladas, muitos jogadores contam com preparadores físicos pessoais. Um deles, Xavier Frezza, que trabalha para vários jogadores de futebol, admitiu que a demanda por seu serviço “se multiplicou”.

“Se de um dia para o outro os jogadores não fizerem nada, neste momento da temporada eles podem perder rapidamente a forma. A prioridade é mantê-los preparados”, afirmou.

A dúvida é saber a margem de manobra permitida pelas restrições. “Se eles não têm o direito de treinar coletivamente com seus clubes, nós também não o faremos, não faria sentido algum. Teremos que improvisar”, concluiu Frezza.


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