Ela se chamava Magdalena, mas o mundo a conhece como Frida Kahlo. É considerada uma das artistas mais chamativas do mundo. Levou as cores vibrantes do México para suas obras, roupas e objetos, em uma vida marcada por paixões e também por dor, sofrimento e superação. Seus quadros retrataram seus amores e suas tragédias. A coluna de hoje é uma homenagem para a Semana Frida Kahlo, pois ela nasceu em 6 de julho de 1907 e faleceu em 13 de julho de 1954.

Para contar a trajetória da artista de um jeito totalmente diferente, ilustro a coluna de hoje com uma obra original. Beto França, um dos melhores Makeup Artists do Brasil, transformou a modelo Luana Dias, após quase seis horas de pintura sobre seu corpo nu. Criou uma releitura de Frida Kahlo, que foi eternizada pelo fotógrafo José Antonio Ramalho, também responsável pela arte digital, incluindo diversos elementos da obra da artista.

Olhe com a atenção a imagem que ilustra essa coluna para identificar alguns dos mais conhecidos quadros de Frida Kahlo. Se você não é um expert no assunto, não se preocupe. Veja abaixo a trajetória da artista, suas principais obras e as dicas que preparei para que a brincadeira de treinar a visão para apreciar uma obra de arte seja muito divertida:

Foto e arte digital de José Antonio Ramalho e maquiagem de Beto França na modelo Luana Dias (Crédito:Divulgação)

Doença

Com apenas seis anos, Frida teve poliomielite. Ficou com graves sequelas em uma de suas pernas, mudando o rumo de sua infância, extremamente solitária, e de toda a sua vida. O quadro Menina com Máscara da Morte representa bem a sua infância. Treine seu olhar: procure na ilustração a menina.

 

Bullying

A doença gerou uma lesão eu seu pé direito. Acabou sendo vítima de Bullying na escola, sendo constantemente chamada de “Frida da perna de pau”. O quadro Autorretrato na Cama ou Eu e a minha Boneca mostra a artista adulta, solitária e acompanhada de uma simples boneca sem roupa. Treine seu olhar: procure na ilustração a boneca.

 

Acidente

Aos 18 anos, Frida vive um momento crucial em sua vida e o início de sua fase artística. Sofreu um acidente gravíssimo quando o ônibus no qual estava chocou-se com um bonde. Teve muitas fraturas e perfurações. Ficou muitos meses entre a vida e a morte. Foi submetida a muitas cirurgias de reconstrução. Para minimizar os danos do acidente, expressar seus sentimentos e esquecer um pouco das dores terríveis e do colete ortopédico, começou a pintar, usando a caixa de tintas de seu pai (pintor amador) e um cavalete adaptado à cama do hospital. Um de seus primeiros quadros foi Autorretrato com Vestido de Veludo. Treine seu olhar: encontre a cena do acidente.

 

Excentricidade ou fragilidade

Encobria sua fragilidade física com excentricidade. Quando era criança, para minimizar os problemas e impactos causados por sua saúde debilitada, praticava esportes que eram do universo masculino – como futebol, lutas e natação. Depois, para esconder as pernas de diferentes tamanhos, incorporou ao seu estilo de vestir saias longas e chamativas. Tinha visual extravagante, com sobrancelhas grossas, roupas colorias e bijuterias enormes. Até seus coletes ortopédicos recebiam adereços e tinta. Treine seu olhar: note as semelhanças da modelo brasileira fotografada para a ilustração dessa coluna com Frida Kahlo na obra A Coluna Quebrada, uma de suas pinturas mais conhecidas. Encontre também a perna mecânica que está escondida na ilustração.

 

Cirurgias

Frida transportava para as telas as suas próprias cicatrizes e problemas de saúde. No acidente, quebrou a coluna vertebral, uma costela e a pélvis. Teve onze fraturas na perna direita, seu pé direito foi esmagado e um ombro foi deslocado. Além disso, um corrimão de ferro perfurou seu abdômen e seu útero. Treine seu olhar: procure na ilustração uma maca e uma mulher de costas mostrando o corte da cirurgia na coluna e que foi registrada na tela A Árvore da Esperança e Mantenha-se Firme.

 

Dualidade

Frida tinha o sonho de ser mãe, mas sofreu três abortos espontâneos por causa das perfurações que teve no acidente aos 18 anos. No quadro “Hospital Henry Ford”, transportou para a tela o sofrimento de uma mãe em seu segundo aborto. A dualidade está representada na sua obra, representada pelo Sol e a Lua, a Noite e o Dia, o Bom e o Mau. Tinha uma enorme energia e vontade de viver, mas tentou diversas vezes o suicídio com facas e martelos. Treine seu olhar: procure na ilustração uma pomba voando, inspirada no quadro Frida e Diego Rivera.

Amor, ódio e feminicídio

Diego Rivera foi o grande amor de sua vida. Veja o quadro Diego e Eu. Viveu com ele também sentimentos opostos, como ódio, raiva e tristeza. Casaram-se quando ela tinha 21 anos e ele, 41. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples, num estilo propositadamente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, adotando com muita frequência temas da arte popular mexicana. Diego Rivera foi infiel durante todo o seu casamento, envolvendo-se inclusive com a irmã de Frida, Cristina, com quem teve vários filhos. As traições constantes motivaram Frida a sair com outros homens e mulheres. Permaneceram juntos até o fim da vida de Frida. Treine seu olhar: procure o sol na ilustração, inspirado na obra O Amor Embaraça o Universo.

 

Minha casa e minha vida

Alguns anos após a sua morte, foi criado o Museu Frida Kahlo em 1958. Ele está instalado em Coyoacán (México), no local onde viveu grande parte de sua vida e que era carinhosamente chamado de “Casa Azul”. O museu reúne obras, objetos e adereços da pintora em uma a atmosfera colorida e festiva. Veja o quadro Quatro Habitantes do México. Treine seu olhar: procure a Casa Azul na ilustração. Procure também a cena do acidente, inspirada em Ex-Votos (pinturas de agradecimento), que eram muito comuns na época.

 

Amava animais

Os animais foram grandes companheiros ao longo da vida de Frida Kahlo. Tinha um estilo de arte popular, quase ingênuo, mas que explorou temas que são atuais até hoje como discussões de identidade, gênero, classe social e raça. Sua arte é criticada por alguns e elogiadas por muitos, sendo associada a diversos movimentos como Arte Naïf, Arte Moderna, Surrealismo, Realismo Mágico, Simbolismo, Naturalismo, Primitivismo, Realismo Social e Cubismo. Treine seu olhar: procure na ilustração um cachorro semelhante ao do quadro Cão Itzcuintli Comigo, um macaco como o do Autorretrato com Macaco e um papagaio semelhante à tela Eu e o meus Papagaios.

 

Muita personalidade

Teve coragem para vencer os desafios da vida e os graves problemas de saúde que a acompanharam desde a infância. Trouxe para sua arte assuntos que até então não eram explorados, como questões íntimas femininas, abortos, partos, solidão e feminicídio. Uma de suas obras mais chocantes é Umas Facadinhas de Nada, que mostra uma mulher nua e ensanguentada. Sua arte está cada vez mais conhecida e sua reputação cresce por ser identificada como um ícone mundial de movimentos feministas e de causas LGBTQ. Treine seu olhar: encontre na ilustração a frase que está registrada na obra Autorretrato Dedicado a Sigmund Firestone.

 

De cama na galeria
Frida passou a abusar do álcool, ficando ainda mais debilitada. Teve gangrena e foi obrigada a amputar seus dois pés. Mesmo assim, em 1953, foi de ambulância para sua primeira grande exposição e não se intimidou ao participar do evento em uma cama, instalada na Galeria de Arte Contemporânea da Cidade do México. Uma de suas frases da época ficou eternizada: “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?”.

 

Vamos mergulhar juntos no mundo da arte? Escreva para sugerir um tema ou para contar algo sobre seu artista preferido. Adoro boas histórias! (Instagram Keka Consiglio).