Um dos votos mais esperados no processo que julga a trama golpista, a decisão do ministro Luis Fux teve mais de 13 horas de duração na sessão de quarta-feira, 10. Ele havia começado o discurso de justificativa às 9h da manhã e finalizou o voto apenas por volta das 22h30 da noite, cravando uma das deliberações mais longas da história do Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo que os tempos dos intervalos não sejam considerados, a votação durou mais de 11 horas.
Ao longo do discurso, Fux detalhou diferentes divergência do relator, Alexandre de Moraes, e chegou a destrinchar a avaliação dos réus de forma individual. Seus votos apontaram para a absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro dos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em determinado momento, próximo às 19h, o presidente da Corte, Cristiano Zanin, chegou a perguntar qual seria o tempo estimado para o restante do voto de Fux. Em resposta, o magistrado alegou que ficaria “até a hora que for preciso”.
Em uma tese de doutorado da Fundação Getúlio Vargas, publicada em 2017, o pesquisador Felipe de Mendonça Lopes concluiu que o tempo de voto dos ministros do Supremo quase triplicou desde que as sessões passaram a ser transmitidas pela televisão, em 2002.
A postura de Fux revive outros julgamentos do STF que ficaram marcados pela longa duração dos votos. Entre eles, está o processo do Mensalão, escândalo de compra de votos no Congresso durante o governo Lula (PT). Segundo a revista Carta Capital, durante o julgamento em 2012, os então ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski levaram mais de 15 horas para proferir seus votos, tendo discutido apenas três dos oito itens da denúncia até a época do levantamento feito pela reportagem.
Mais 30 sessões sobre o processo ocorreram depois da coleta dos dados, o que indica que a quantidade de horas por voto dos ministros foi ainda maior. No entanto, vale ressaltar que a ação sobre o Mensalão tinha 38 réu e levou, no total, 53 sessões para ser concluído.
Outro voto longo na história dos julgamentos do STF foi o do então ministro Celso de Mello em 2019, no caso da criminalização da homofobia e transfobia. Na época, o magistrado levou 6h30 para ler seu voto em plenário.