Os bolsominions fanáticos – sim, há os moderados – criaram diversos dogmas e chavões, dentre eles, “o Brasil vai virar Venezuela”. No auge da histeria coletiva, em 2022, havia gente procurando imóvel em Portugal e Miami, antes que fosse tarde e o comunismo se instalasse no Brasil. É verdade. Eu juro! Eu mesmo conheço uns dois ou três, que fizeram as malas (imaginárias, claro), mas que hoje estão em processo de cura, hehe.

O medo era de Lula ganhar – como de fato ganhou – e tomar o dinheiro de todos os ricos (como Collor, aliado de Bolsonaro, fez), permitir o MST invadir casas, nomear Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, ministra da economia, trazer o terrorista José Dirceu para a pasta da Justiça, trocar o Real por “Pesos Bolivarianos” (o correto seria Bolívar Venezuelano) e outras fantasias típicas de quem envia sinais por celular a Ets.

Outros, ainda, imaginavam Lula dando um golpe de Estado – com quem, meus Deus? -, como efetivamente tentou Jair Bolsonaro, o ex-verdugo do Planalto, e sua corja conspiracionista, perseguindo todos que não rezassem pela cartilha petista. Tudo bobagem, claro, mas, infelizmente, levado muito a sério por gente bacana, inteligente, íntegra, que deixou-se aprisionar em um mundo imaginário de manchetes em grupos de WhatsApp.

Particularmente, ainda que nutrindo a mais profunda ojeriza pelo lulopetismo, jamais deixei-me seduzir pelas maluquices de ocasião. Brasil virando Venezuela? Ai, ai… Mas é o seguinte: tenho que admitir que, ao menos por um dia e por alguns segundos, em Brasília, sentimos na pele o que é ser um venezuelano, confrontando com uma simples pergunta o todo-poderoso ditador Nicolás Maduro, amigo de fé, irmão camarada de Lula da Silva.

Aliás, refaço. Sentimos, não. Sentiu. E foi a excelente jornalista Delis Ortiz, da Rede Globo, que foi surrada pelos bate-paus do facínora de Caracas, capital do país que “tem democracia até de mais”, segundo a democrática esquerda brasileira, tese ratificada pelo ex-tudo (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) e atual presidente da República. A moça apanhou simplesmente por estar trabalhando, acreditem.

O crime ocorreu ontem, em Brasília, nas dependências do Palácio do Planalto. E não foi só Delis, não. Outros jornalistas, de outros veículos, foram empurrados pelos brutamontes de Maduro, acostumados a espancar – quando não raro, sequestrar, estuprar e torturar – os profissionais da “imprensa livre” da Venezuela “democrática, vítima de preconceito e narrativas”, segundo Lula, contumaz parceiro de ditadores e ditaduras mundo afora.

Jornalistas apanhando de seguranças oficiais não é novidade no Brasil. A repórter Camila Marinho, da TV Bahia, foi vítima de um “mata-leão”, aplicado por um agente de Bolsonaro, em 2021. Em Roma, na Itália, a segurança do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, espancaram profissionais da imprensa brasileira que cobriam a viagem, também em 21.

A novidade, contudo, é ter jornalistas agredidos por seguranças estrangeiros, em solo brasileiro, durante o mister profissional. A não-novidade, igualmente, no caso, é a reação de Lula e do governo brasileiro/petista, qual seja, nenhuma! Para essa gente, democracia só existe na hora de acusar a ditadura alheia, que o diga a “alma mais honesta do paíff”, que chama terroristas de amigo e irmão, como fez com Mahmoud Ahmadinejad e Muammar Al Gaddafi.