A chegada do Audax à decisão do Campeonato Paulista será capaz de unir torcedores de outras equipes no mesmo setor do estádio José Liberatti, neste domingo, em Osasco (SP), contra o Santos. A campanha histórica fez o time deixar de ser apenas a segunda opção entre os moradores locais para cativar o fanatismo e virar prioridade na cidade.

A terceira participação na elite estadual, junto com a vaga na disputa do título, serviu para atrair mais torcedores e superar uma resistência ao clube novato existente na estreia, em 2014. Meses antes, o antigo Pão de Açúcar, já Audax, foi comprado por cerca de R$ 30 milhões pelo empresário Mário Teixeira.

A aquisição recente fez a bilheteria do Audax ser um fracasso. A média de público como mandante foi de apenas 1,9 mil por jogo, a segunda pior entre os 20 participantes. Já neste ano, a presença mais do que dobrou e é de 4,8 mil por partida até agora. “Houve desconfiança da torcida no começo. Mas pouco a pouco a presença deles tem aumentado. Logicamente não dá para transferir a paixão de uma torcida”, disse o diretor de futebol do clube, Nei Teixeira.

Antes do time virar a “febre” do momento, o aposentado Paulo Roberto Prazeres já estava nas arquibancadas. O primeiro contato com a equipe foi em 2014, quando a cidade de Osasco, graças à aquisição, ganhou de presente um participante na elite do Estadual, pois no ano anterior, o Audax, então sediado na capital, garantiu o acesso.

“Sou aposentado e como não tinha opção de lazer, passei a ir aos treinos e fazer amizade com os jogadores”, contou Paulo Roberto. O torcedor troca mensagens com os jogadores, conversa com alguns nas redes sociais e, logicamente, é presença certa nos jogos. Segundo ele, a boa campanha não transformou o comportamento do elenco. Todos continuaram humildes e focados no trabalho.

O envolvimento dele com o elenco o colocou em uma situação difícil no ano. “Sempre fui torcedor do São Paulo, ia muito ao Morumbi nos últimos anos. Mas como o Audax começou a crescer, fiquei ainda mais próximo e a participar mais”, contou o torcedor, que admite ter ficado dividido nas quartas de final, quando as duas equipes favoritas se enfrentaram em Osasco.

O aposentado é um dos poucos na cidade a ter a camisa vermelha do clube local. A peça é rara, embora seja do ano passado. A falta de contrato com fornecedor de material esportivo não colocou o uniforme à venda nas lojas mesmo até poucos dias da final.

FREQUENTE – A campanha histórica do Audax tem o empresário Paulo Rodrigues como a principal testemunha. De todos os jogos do time na campanha, apenas em um, contra o Novorizontino, fora de casa, ele não esteve presente. “Contr a o Oeste, em Itápolis, eram quatro torcedores do time visitante. Levei no meu carro a minha mulher e mais dois amigos. Eu que transportei toda a torcida para aquele jogo”, contou o torcedor.

Paulo já acompanhava o Grêmio Osasco, outro clube da cidade, até decidir conhecer o novato Audax. Conquistado pelo estilo de jogo de toque de bola do técnico Fernando Diniz, percebeu que o Corinthians tinham um concorrente na preferência. “Fiquei dividido na semifinal em Itaquera”, confessou.

O empresário foi ao estádio no mesmo ônibus que levou os familiares dos jogadores e, com o status de VIP, pode desfrutar da comemoração pela vaga à final. “Fui jantar com o elenco em uma churrascaria. Ficamos até 2 horas da manhã”, afirmou.