A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de fevereiro passou de 0,42% para 0,47%, após o coordenador do indicador, Guilherme Moreira, avaliar o resultado da terceira quadrissemana, que marcou 0,53%, de 0,58% na leitura imediatamente anterior. Em janeiro, o IPC fora de 0,58%.

Segundo Moreira, o principal condutor desse aumento na projeção é o feijão, que mostra forte aumento devido à quebra de safra. O grão passou de 30,66% para 43,27% na terceira quadrissemana e representou um pouco mais de um terço da variação de 0,53% (34,55%). A ponta (pesquisas mais recentes), indica aumento de 74%. Já o grupo Alimentação passou de 0,94% para 1,13% e deve fechar fevereiro com alta de 1,48%.

A Fipe explica que não espera que feijão mostre variação de 74% no número fechado de fevereiro, mas que o produto deve continuar subindo na comparação com a terceira leitura do mês. Se essa aceleração se confirmar, pode ser que a leguminosa tenha a taxa mais elevada desde abril de 2010 (52,95%), que, por sua vez, é a maior variação do feijão no índice desde o Plano Real. “Feijão está em plena ascensão, por isso deve ficar pressionando o índice por um bom tempo”, avalia.

Moreira ainda completa que outros itens in natura também contribuíram para a revisão da estimativa do mês, assim como Vestuário, mas o coordenador explica que o grupo ainda mostra variação baixa. Na terceira quadrissemana, Vestuário subiu 0,30%, de 0,31% na medição anterior, e deve marcar 0,13% no índice fechado de fevereiro.

Em relação à terceira quadrissemana, o coordenador do IPC-Fipe ainda cita o aumento maior que o previsto no Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU), de 5,73%. Na segunda quadrissemana, a taxa fora de 3,78%. Já o grupo Habitação desacelerou de 0,46% para 0,45%, e deve continuar arrefecendo, fechando fevereiro em 0,33%, conforme projeção da Fipe.

Mesmo com a projeção mais alta para o mês, o IPC deve continuar desacelerando. Moreira lembra que o arrefecimento se deve ao fim dos efeitos do aumento da passagem de ônibus e da integração, assim como dos aumentos típicos de educação, todos afetam em cheio o resultado de janeiro. Transportes passou de 1,10% na segunda quadrissemana para 0,58%. Já Educação desacelerou de 1,89% para 1,03%. Os grupos devem ter variação de 0,18% e 0,04% no índice fechado de fevereiro, respectivamente.

2019

O coordenador do IPC adiantou que a projeção para o indicador de 2019 deve ser elevada. A estimativa atual é de 3,58%, mas Moreira diz que deve ir para algo em torno de 4,0% logo após a divulgação do índice fechado de fevereiro, que ocorrerá no dia 7 de março. “Mas ainda é uma taxa bem comportada.”

Moreira explica que a principal motivação da revisão são os índices mais altos de difusão, na comparação com o ano passado. O indicador geral, que mede o quanto a alta de preços está espalhada, marcou 49,46% na terceira quadrissemana de fevereiro de 2018 e subiu para 57,88% no mesmo período deste ano – depois de 61,56% na segunda quadrissemana. Da segunda leitura do mês para a terceira, o IPC arrefeceu de 0,58% para 0,53%.

De uma maneira geral, Moreira diz que a inflação do ano passado foi bastante baixa, e que é esperada alguma aceleração este ano por causa da expectativa de um crescimento maior da economia. “É normal que alguns preços se recuperem.” Moreira ainda cita que, em um ambiente econômico melhor, pode haver uma recomposição de margens após a desvalorização cambial em 2018, já que no último ano a atividade limitou os repasses.

O índice de difusão de despesas pessoais teve um salto da terceira quadrissemana de fevereiro de 2018 para a mesma leitura deste ano, de 46,75% para 74,03%. “Pode indicar um aquecimento do setor de serviços na economia. O índice de serviços está muito reprimido, pode ter uma recomposição de preços. A verificar. Ainda está muito comportado, mas é um sinal”, disse Moreira.

No caso do indicador de difusão de alimentação, o aumento foi de 41,71% para 50,86% na mesma base de comparação. O coordenador do IPC-Fipe cita o aumento forte do feijão devido à quebra de safra e mesmo de outros itens in natura em função do clima desfavorável no começo do ano. “Houve aumentos consideráveis. Vai haver devolução de uma parte, mas não de tudo.” Na terceira quadrissemana, a alta do feijão ficou em 43,27% ante 30,66%.