Sem dinheiro para grandes investimentos, o Corinthians quer contornar a condição financeira revelando jogadores e aproveitando melhor os garotos da base. Uma nova e talentosa geração vem pela frente, algo que poderá render frutos em pouco tempo para o time principal.

Por isso, a comissão técnica olhará com bastante atenção para a Copa São Paulo de Futebol Júnior. A escolha por Fábio Carille como técnico, dentre outros fatores, teve como ingrediente a sua capacidade para trabalhar com os garotos. Os escolhidos dependerão da avaliação do treinador, mas alguns nomes já começam a ser comentados. Casos, por exemplo, dos meias Mantuan e Fabrício Oya e do atacante Pedrinho.

“A experiência que tive no profissional me ajudou muito. Bom saber que o técnico tem uma mente aberta para usar a base e esperamos aproveitar a Copinha para mostrar nosso valor”, afirmou o meia, capitão da equipe que estreará no torneio dia 4 de janeiro contra o Pinheiro-MA, em Taubaté (SP).

A Copa São Paulo acaba sendo uma oportunidade para os meninos se mostrarem não só para Fábio Carille como também para os torcedores. O atacante Pedrinho, por exemplo, aparece como um dos favoritos a cair nas graças da torcida, já que se destaca pela velocidade, agilidade e coragem em campo. “Sempre pensando na equipe, mas se der para dar um drible e fazer algo diferente, a gente usa esse artifício”, contou o garoto, de 18 anos.

Em setembro, após séries de denúncias contra os antigos dirigentes da base, o Corinthians reformulou o setor e anunciou Fausto Bittar como novo diretor do Departamento de Formação de Atletas. A principal missão dele será integrar ainda mais o futebol profissional da base, para que os meninos não sintam tanto a pressão quando forem promovidos.

O diretor também faz mudanças na captação de talentos. A ideia é firmar parceria com escolinhas de futsal em todo o País e também agilizar a chegada de meninos que se destacarem nas escolinhas de futebol de campo do próprio clube. “Teremos mais atenção na formação também. Terminou o ano, vamos fazer uma análise dos garotos que estouraram a idade de determinada categoria. Se o número de aproveitados para a categoria acima for muito baixo, teremos que fazer cobranças e mudanças, se for necessário”, explicou Bittar, que já trabalhou em outras funções no clube nas gestões de Andrés Sanchez e Mário Gobbi.

Existe ainda um trabalho para que os meninos da base corintiana atuem no futebol de campo e no salão até os 15 anos, quando terão de decidir qual modalidade seguir. Com o aprendizado duplo, os garotos crescerão com o pensamento rápido, drible curto e agilidade do futsal, mas também com a técnica do campo. “Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Romário, Rivaldo, Neymar, enfim, fico aqui o dia todo te falando craques que vieram do salão, onde você aprende muita coisa que pode ser primordial para o campo”, explicou Bittar.

Existe ainda a preocupação com o intelecto dos garotos. Eles fazem visitas em museus, cinemas, dentre outros programas culturais. “Temos essa preocupação, pois sabemos que a minoria vai vingar no futebol. Mais do que revelar jogadores, queremos revelar homens”, disse Coelho, auxiliar técnico e ex-lateral-direito do clube.