A Argentina fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a dívida de mais de US$ 40 bilhões que o país tem com a entidade. Na manhã desta sexta-feira, 28, o presidente Alberto Fernández divulgou as informações iniciais, e no começo da tarde o órgão confirmou a decisão.

“O caminho fiscal combinado melhoraria de maneira gradual e sustentada as finanças públicas e reduziria o financiamento monetário”, disse a entidade. O FMI destacou que o acordo permitirá elevar o gasto em infraestrutura e ciência e tecnologia, além de proteger “programas sociais focalizados”.

“Tínhamos um problema e agora temos a solução com o acordo”, disse em comunicado o presidente da Argentina no Twitter. “Com esse acordo, podemos construir um futuro. Em comparação com acordos anteriores que a Argentina firmou, esse acordo não contempla restrições que atrasam o desenvolvimento. Não restringe, não limita e não condiciona os direitos recuperados em 2020”, disse.

Sem cortes

Além disso, segundo Fernández, o acerto com o FMI não obriga o país a fazer uma reforma trabalhista nem a chegar a um déficit zero. “Não haverá queda de gastos reais, e haverá um aumento de investimentos em obras públicas”, afirmou. O presidente disse que o acordo será submetido ao Congresso para aprovação. O FMI e a Argentina ainda concordaram que uma estratégia para reduzir os subsídios à energia de maneira progressiva “será fundamental para melhorar a composição do gasto público”.

Polícia monetária

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Há ainda acordo sobre a implementação da política monetária “como parte de um enfoque múltiplo para enfrentar a elevada e persistente inflação”. O marco tem como objetivo assegurar taxas de juros reais positivas para respaldar o financiamento interno e fortalecer a estabilidade, diz o texto.

O comunicado diz que também há acordo sobre o fato de que “o apoio financeiro adicional dos sócios internacionais da Argentina ajudaria a reforçar a resiliência externa do país e seus esforços para assegurar um crescimento mais inclusivo e sustentável”.

O pessoal técnico do Fundo e as autoridades argentinas continuarão seu trabalho nas próximas semanas, para chegar a um acordo em nível de pessoal técnico. O acordo final estará sujeito à aprovação do diretório executivo do FMI, lembra a nota.

‘Alívio’

A Capital Economics considerou que o anúncio “dará algum alívio aos detentores de bônus internacionais no curto prazo”. Segundo a consultoria, porém, esse é “apenas o começo de uma longa jornada para reparar os desequilíbrios macroeconômicos e ainda há muito que pode dar errado nos próximos anos”.

A consultoria disse, em relatório a clientes, que esse é o 22.° acordo entre o país e o Fundo. “A notícia deste novo acordo provavelmente dará algum alívio aos bônus soberanos em dólares da Argentina, bastante atingidos” recentemente, informou a consultoria.

Política fiscal ‘moderadamente expansiva’

O ministro da Economia argentino, Martín Guzmán, afirmou que o acordo fechado com o FMI permitirá ao país ter uma política fiscal “moderadamente expansiva”. Em entrevista coletiva, ele disse que a iniciativa fará a Argentina “financiar a dívida, sem solapar a recuperação” econômica nem a geração de empregos.

Guzmán qualificou as negociações com o FMI como “realmente duríssimas”, diante da “magnitude do dano infligido à Argentina” pelo acordo anterior com o Fundo, fechado em 2018 pelo então presidente Mauricio Macri. Segundo o ministro, aceitar as demandas do acordo anterior “solaparia a chance de seguir no caminho do crescimento”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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