Os Barômetros Globais Coincidente e Antecedente da Economia recuaram em maio ante abril, a segunda queda seguida, reagindo aos efeitos negativos da guerra na Ucrânia, ao surto de covid-19 na China e à persistência da inflação elevada em vários países, informou nesta terça-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Barômetro Global Coincidente caiu 5,5 pontos em maio, para 93,3 pontos, menor nível desde outubro de 2021 (90,7 pontos). O Barômetro Global Antecedente perdeu 1,9 ponto, para 84,2 pontos, menor nível desde julho de 2020 (72,9 pontos).

Em nota, a FGV destaca que o conflito no Leste Europeu e o recrudescimento da pandemia na China agravam os choques que espalham a inflação elevada pelo mundo, prolongando um quadro que, no início deste ano, parecia entrar em trajetória gradual de melhora.

“No início de 2022, as expectativas em relação à evolução dos preços dos insumos essenciais eram de desaceleração, mesmo com a retomada da atividade econômica. Essas expectativas foram sendo frustradas nos últimos meses, no contexto de novos desafios nas cadeias de suprimentos, desfazendo a percepção de choques inflacionários transitórios. Somadas a esse contexto, as reações de política monetária das principais economias do mundo sinalizam uma desaceleração do nível de atividades, impactando negativamente os barômetros globais”, diz um trecho da nota divulgada pela FGV.

No Barômetro Coincidente Global, que procura acompanhar o ritmo da atividade econômica, a região da Ásia, Pacífico & África contribuiu negativamente com 2,9 pontos para a queda de maio, 53% do recuo agregado. O Hemisfério Ocidental contribui com apenas -0,8 ponto, enquanto a Europa tirou 1,8 ponto da variação agregada. A queda no Barômetro Coincidente Global também foi generalizada em termos setoriais.

“A segunda queda consecutiva dos indicadores regionais confirma o aumento do pessimismo sobre o crescimento econômico global, frente à piora do cenário pandêmico na China, a continuidade do conflito Rússia-Ucrânia e a inflação elevada em diversos países do mundo”, diz a nota da FGV.

No Barômetro Antecedente Global, que mede as perspectivas de crescimento econômico nos próximos de três a seis meses, o indicador da Ásia, Pacífico & África contribuiu negativamente com 3,2 pontos no número agregado de maio. Já o indicador para o Hemisfério Ocidental tirou 1,9 ponto do agregado. Na contramão, o indicador da Europa cresceu e contribuiu positivamente com 3,2 no índice agregado.

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“O resultado sugere que as expectativas de crescimento para os próximos meses têm sido fortemente revisadas nas duas primeiras regiões, devido ao surto de covid-19 na China e possivelmente pela política monetária restritiva nos Estados Unidos, para conter o avanço da inflação. O indicador regional da Europa, por sua vez, recupera cerca de metade da forte queda ocorrida no mês anterior face à deflagração do conflito entre Rússia e Ucrânia”, diz a nota da FGV.

Calculados em parceria com o Instituto Econômico Suíço KOF da ETH Zurique, e divulgados no Brasil pela Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, os dois indicadores são formados a partir dos resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países. O objetivo é alcançar a cobertura global mais ampla possível. O Barômetro Coincidente inclui cerca de mil séries temporais diferentes, enquanto o Barômetro Antecedente compreende em torno de 600 séries temporais.


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