O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária quer, com as medidas de estímulo à competição bancária, chegar a um sistema “instantâneo, interoperável e aberto”. Segundo ele, o sistema financeiro tende a ser tornar mais especializado, com mais fintechs entrando no setor.

“Bancos não vão fazer de tudo no futuro, vai ter uma fintech que vai ocupar aquele espaço. No final, teremos uma torta muito maior, talvez bancos grandes tenham uma fatia um pouco menor, mas de uma torta muito maior”, disse Campos Neto, que participou nesta terça-feira, 28, de evento do Credit Suisse na capital paulista.

Acompanhamento do câmbio

O presidente do Banco Central afirmou ainda que a autoridade monetária olha para o avanço do dólar sobre o real sob dois aspectos: se há uma contaminação das expectativas de inflação e se há um acompanhamento de deterioração das demais variáveis de risco.

Segundo ele, a desvalorização recente na moeda brasileira, não desperta nenhuma das duas variáveis de preocupação.

O presidente do BC voltou a dizer que o movimento recente do câmbio “foi muito diferente do ano passado”. Além de não ter contaminado outras variáveis de risco, como a bolsa brasileira e o Credit Default Swap (CDS), também teve pouco impacto nas expectativas de inflação. “Mesmo que movimento do câmbio não venha acompanhado de risco, (olhamos:) será que está contaminando expectativa de inflação? Isso também não aconteceu. Não existia preocupação de contaminação iminente. Existiam essas diferenças (com passado)”, disse.

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EUA

Campos Neto afirmou também que as eleições norte-americanas são um fator de risco ainda pouco falado no mercado, mas que deve começar a ser relevante daqui para frente. Segundo ele, existia um receio de que as eleições caminhassem para um rumo incerto, o que geraria uma piora dos mercados, mas afirmou que esse risco tem diminuído.

“A gente tinha medo de entrar numa dinâmica de que ficasse mais incerta a eleição e isso gerasse ciclo de piora. Mas isso no curto prazo fica mais afastado”, comentou o presidente do BC, durante evento do Credit Suisse.

Ele também afirmou que o risco de uma desaceleração global parece menor e que, provavelmente, o mundo deve ser um crescimento moderado pela frente. Campos Neto frisou ainda que boa parte desse crescimento tem vindo de mercados emergentes, destacadamente a Ásia.

China

O presidente do Banco Central destacou ainda que o movimento de rebalanceamento da economia chinesa é “superrelevante”. Ele observa que, há muitos anos, olhava-se para os chineses e surgiam preocupações com a China “competindo com os nossos calçados”. “Agora eles querem falar de 5G”, disse.

Campos Neto afirmou que tem conversado com diversos empresários, sobretudo na Ásia e Leste Europeu, sobre tais transformações. “Tem claramente um movimento de mudar empresas de lugar, fábricas saindo da China. Um movimento de quebra das cadeias globais que precisa ser acompanhado”, disse.


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