A presença de Cássio e Weverton na decisão do Campeonato Paulista é mais um capítulo na tradição de grandes goleiros que defenderam Corinthians e Palmeiras no dérbi estadual. Em 103 anos de rivalidade, duelos inesquecíveis foram registrados e muitos jogos, decididos pelas mãos dos arqueiros dos dois lados.

Convocado por Tite para ser um dos três goleiros da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, Cássio vive novamente ótima fase e tem se destacado nos últimos confrontos com o Palmeiras. Ele sempre diz gostar de jogos grandes.

O último encontro entre os dois rivais, em 22 de julho, é um ótimo exemplo disso. O Corinthians venceu por 1 a 0, com gol do zagueiro Gil, em uma noite em que Cássio fez pelo menos três grandes defesas e impediu o empate palmeirense. O goleiro alvinegro pode chegar ao décimo título pelo clube e se igualar a Marcelinho Carioca como o maior vencedor da equipe.

Do outro lado, o Palmeiras também tem um goleiro de seleção. Weverton foi campeão olímpico com o Brasil nos Jogos do Rio-2016 e foi chamado por Tite nas convocações mais recentes. Apesar de ter cometido uma falha no último dérbi, o goleiro está confiante para a decisão.

“Não pode faltar luta e entrega. É final de campeonato, e ainda é clássico. Então, dá um sabor especial para a disputa. É dedicação, luta, vontade. A gente tem exemplo agora, que quinze dias atrás tivemos a chance de jogar e tirar lições do que foi aquele jogo. Agora é se preparar bem para fazer um bom jogo e largar bem”, disse Weverton após a vitória contra a Ponte Preta pela semifinal.

LENDAS – O clássico sempre foi marcado por grandes goleiros. Há 70 anos, o novato Gylmar dos Santos Neves, representante do time de Parque São Jorge na Copa do Mundo de 1958 e apontado até hoje como o maior goleiro do futebol brasileiro em todos os tempos, foi contemporâneo do veterano Oberdan Cattani, figura sempre presente no Palestra Itália durante os seus 95 anos de vida (1919-2014) e eleito por inúmeros palmeirenses como o melhor da história do clube.

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Na década de 1960, sem Gylmar e Oberdan, Corinthians e Palmeiras tinham em suas metas Cabeção e Valdyr Joaquim de Moraes. Nos anos 1970, dois jovens surgiram como cometas e assumiram rapidamente a titularidade nos dois clubes e foram convocados para a Copa do México: Leão e Ado. Leão esteve com a seleção em mais três Copas (1974, 1978 e 1986).

Nos anos 1990, a vez foi de Velloso e Ronaldo, idolatrados em seus times. O corintiano foi titular por dez anos, sendo campeão paulista (três vezes), brasileiro e da Copa do Brasil. Velloso jogou de 1988 a 1999 e fez parte do time que quebrou o jejum de títulos, em cima do Corinthians, em 1993, além do Brasileirão no ano seguinte, mais uma vez sobre o adversário.

Em 1999, surgia um dos maiores ídolos da equipe alviverde: o goleiro Marcos. Nas quartas de final da Libertadores, o goleiro defendeu pênalti batido por Vampeta e ajudou o Palmeiras a seguir na competição – até hoje a única conquista do clube no torneio.

Um ano depois, mais um encontro, desta vez pela semifinal. De um lado, o mesmo Marcos e do outro, ninguém menos do que Dida. O arqueiro alviverde pegou pênalti decisivo de Marcelinho Carioca – o goleiro foi “santificado” pela torcida, virou São Marcos e foi campeão mundial com a seleção brasileira na Copa de 2002.

Agora, mais um capítulo desta rivalidade vai ser escrito. Cássio tem mais experiência, afinal são oito anos na meta corintiana, mas Weverton quer deixar seu nome na história e se tornar lenda. Quem ganha é o dérbi.


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