O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) afirma que a onda de casos de covid-19 trazida pela variante Ômicron provocou perda de fôlego da economia dos Estados Unidos, mas diz que a expectativa é de que a desaceleração “seja breve”. Em seu Relatório de Política Monetária, publicado nesta sexta-feira, 25, e a ser enviado ao Congresso do país, o Fed diz também que a crise entre Rússia e Ucrânia é uma “fonte de incertezas” para os mercados e destaca a força da inflação, embora voltando a afirmar que a perspectiva inflacionária de longo prazo continua a ser consistente com a meta de 2%.

O Fed aponta que a atividade econômica mostrou “ganhos impressionantes” no segundo semestre do ano passado, mas a inflação avançou a máximas desde o início dos anos 1980. O mercado de trabalho está bem mais “apertado”, com alta demanda por trabalhadores e oferta limitada, e consequente avanço dos salários nominais. “Com a demanda forte e em meio a gargalos em andamento na cadeia de suprimentos, a inflação avançou de modo considerável no ano passado, bem acima da meta de longo prazo de 2% e se disseminando por uma série maior de itens”, aponta.

No início de 2022, o surto da Ômicron “parece estar causando uma desaceleração em alguns setores da economia”. Os casos, porém, já caem rápido desde meados de janeiro e “a desaceleração deve ser breve”, projeta. Com isso e a inflação bem acima da meta, o comando do BC espera que “seja em breve apropriado” elevar os juros.

O Fed afirma que a pressão de alta sobre a inflação em bens de consumo, diante de gargalos na cadeia produtiva e também da demanda forte, tem perdurado, com a inflação elevada se disseminando mais para outros itens. “A inflação de serviços tem também subido mais, refletindo crescimento forte no salário em alguns setores de serviços e uma alta significativa nos aluguéis de moradias”, diz o relatório.

O documento menciona ainda que os gargalos na cadeia de suprimentos devem se manter “por algum tempo”, não especificado.

Segundo o Fed, as medidas de expectativas de inflação no curto prazo se moveram “substancialmente para cima” ao longo do último ano, mas as medidas de expectativas de inflação no mais longo prazo “subiram apenas modestamente” e continuam a ser consistentes em geral com a meta de longo prazo de 2% do Fed.

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O BC norte-americano ainda comenta que as condições financeiras no exterior tiveram um “aperto modesto”, mas em geral estão contidas. Sobre os EUA, o Fed vê “algumas vulnerabilidades financeiras continuando elevadas”, mas com os grandes bancos no núcleo desse sistema ainda resistentes a choques.


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