O Brasil encerrou a sua campanha no Mundial de Doha sem nenhuma medalha, mas saiu da competição comemorando alguns feitos que foram valorizados pelos seus atletas e pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Um deles foi o fato de que a equipe nacional terminou o evento no Catar com 25 pontos e só ficou atrás da pontuação que somou por uma vez na história da competição, em 1999, em Sevilha, na Espanha, onde contabilizou 26.

São 16 edições realizadas até hoje, desde Helsinque-1983, na Finlândia, e nesta última os principais destaques do Brasil no Mundial foram Darlan Romani, quarto colocado do arremesso do peso, e a equipe masculina do revezamento 4x100m, que fechou a final da prova em quarto lugar e quebrou um recorde sul-americano que perdurava desde os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, na Austrália.

Por ter avançado a esta luta por medalhas, por sinal, esse time formado por Rodrigo Nascimento, Vitor Hugo dos Santos, Derick Silva e Paulo André assegurou classificação ao País nesta prova na Olimpíada de Tóquio-2020. O mesmo valeu para a equipe nacional do revezamento 4x400m misto, que também garantiu lugar nos Jogos Olímpicos ao ir à final em Doha, onde terminou em oitavo lugar.

Vale lembrar, porém, que o Brasil voltou a passar em branco no quadro de medalhas depois de seis anos. Na duas edições anteriores do Mundial, conquistou uma prata no salto com vara em Moscou-2015 e um bronze com Caio Bonfim na marcha atlética de 20km em Londres-2017.

Em Doha, os brasileiros alcançaram nove finais nos dez dias de disputas da competição, mas não conseguiu subir ao pódio em nenhuma delas. “Faltou apenas uma medalha para ser brilhante”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da CBAt, Warlindo Carneiro da Silva Filho. “De fato tivemos resultados excepcionais e ‘batemos na trave’. Mostramos evolução e que estamos no caminho certo para os Jogos de Tóquio-2020”, reforçou o dirigente.

Warlindo também exaltou alguns dos principais destaques do Brasil no Mundial. “O Darlan Romani, o revezamento masculino e a Erica de Sena (quarta colocada na marcha atlética de 20km) fizeram excelentes provas, o Thiago Braz (5º no salto com vara) voltou a saltar bem, apresentamos ao mundo o Alison dos Santos (7º no 400m com barreiras) e o 4x100m feminino foi infeliz, cometeu um meio erro e acabou desqualificado (após avançar à final)”, analisou.

PLANEJAMENTO PARA TÓQUIO-2020 – O dirigente ainda enfatizou que João Paulo Alves da Cunha e Anderson Rosa, membros da diretoria técnica da CBAt, se reuniram em Doha com Carlos Alberto Cavalheiro, responsável pelo atletismo no Comitê Olímpico do Brasil (COB), para traçar um planejamento visando os Jogos de Tóquio. “Vamos entrar na fase decisiva do ciclo olímpico, que teve dois Mundiais, competições em que o importante é fazer resultado. Na Olimpíada, o que vale é a medalha”, reconheceu.

João Paulo Alves da Cunha, por sua vez, valorizou a campanha brasileira em Doha. “Não veio a medalha, mas nossa participação foi excelente. Mostramos que temos atletas com chances reais de brigar por medalha em Tóquio e de ir para a final. Mostramos foco na evolução dos atletas”, disse.

Uma medalha escapou por pouco de ser conquistada por Darlan Romani, que ficou em quarto lugar na final do arremesso do peso mais forte da história dos Mundiais. A expressiva marca de 22,53m obtida pelo brasileiro lhe garantiria o ouro em todas as 15 edições passadas da competição nesta prova de campo. Mesmo assim, ele ficou em quarto lugar, atrás dos norte-americanos Joe Kovacs, com 22,91m (recorde do torneio), e Ryan Crouser, com 22,90m, e do neozelandês Tomas Walsh, também com 22,90m.

Entre os outros brasileiros que foram à finais em Doha, Fernanda Borges ficou em sexto lugar no lançamento do disco, Augusto Dutra terminou em 10º no salto com vara e Almir Cunha fechou sua participação em 12º no salto triplo.