O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (26), que o Brasil deu uma “lição de democracia ao mundo” com o processo que levou à prisão seu antecessor Jair Bolsonaro, condenado a uma pena de 27 anos.
Bolsonaro, de 70 anos, começou a cumprir na terça-feira sua histórica condenação por planejar uma tentativa de golpe de Estado a fim de impedir que Lula assumisse a presidência após o petista derrotá-lo nas eleições de 2022.
“Esse país ontem deu uma lição de democracia ao mundo”, declarou Lula durante um ato oficial em Brasília.
É a primeira vez que a Justiça condena os responsáveis por uma trama golpista no Brasil, embora o país tenha vivido duas décadas de ditadura militar após um golpe de Estado em 1964.
“Portanto, eu estou feliz. Não pela prisão de ninguém. Estou feliz porque esse país demonstrou que está maduro para exercer a democracia na sua mais alta plenitude”, acrescentou o presidente.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou, na terça-feira, definitiva a sentença de Bolsonaro, que permanecerá detido na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, em uma cela especial adaptada como um quarto, com frigobar, ar-condicionado e televisão.
O ex-presidente (2019-2022) começou a cumprir sua pena depois que a corte rejeitou em novembro uma primeira apelação e considerou na terça esgotado o prazo para um segundo recurso.
A defesa protestou contra a decisão, que qualificou como “surpreendente”, e disse que apresentará um novo recurso.
– “Não se amedrontou” –
Em sua primeira reação após a decisão judicial nesta quarta, Lula afirmou que “a Justiça brasileira mostrou a sua força, não se amedrontou com as ameaças de fora”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou meses atrás uma “caça às bruxas” contra seu aliado Bolsonaro.
Washington então impôs altas tarifas punitivas ao Brasil e sanções a ministros do STF. No entanto, após se reunir com Lula em outubro, Trump retirou boa parte desses impostos.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do ex-presidente, radicou-se meses atrás nos Estados Unidos e impulsionou as medidas de Trump para interferir no julgamento contra seu pai. Na terça-feira, o STF decidiu processá-lo pelo crime de coação à Justiça.
Bolsonaro é o quarto ex-presidente brasileiro preso desde o fim da ditadura em 1985. Os demais são o próprio Lula, condenado por corrupção, mas cuja sentença foi posteriormente anulada por erros processuais, Michel Temer (2016-2018) e Fernando Collor de Mello (1990-1992).
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