Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, em tese, ajuda a matar pessoas por Covid-19 com suas falas e atitudes homicidas. Pior. Também ameaça o mundo, já que as mutações do novo coronavírus não guardam fronteiras. Não à toa sermos considerados pestilentos.

Através do ministro da Justiça, André Mendonça, o devoto da cloroquina luta pela abertura de templos religiosos, utilizando também autoridades que nomeou, notadamente Kássio Nunes Marques e Augusto Aras, respectivamente Ministro do STF e Procurador Geral da República.

Psicografando seu padrinho político, em canetada monocrática e contrariando o pleno da Corte, Kássio determinou a abertura das igrejas por todo o Brasil, retirando a autoridade de prefeitos e governadores determinada pela Constituição e ratificada pelo próprio Supremo.

Não é desconhecido pelo ministro, pelo procurador-geral e pelo ministro de Estado o colapso dos sistemas de saúde (público e privado), o descontrole da pandemia (80 mil novos casos por dia) e os recordes sucessivos de mortes diárias por Covid-19 (acima de 3 mil).

Que o presidente da República não se importa nem nunca se importou, todos nós estamos carecas – no meu caso, literalmente – de saber. A novidade são as três autoridades judiciais. Bolsonaro, portanto, pode comemorar. Não está sozinho na sua cruzada pró-coronavírus.

O fundamento para essa atitude absurda seria a “liberdade religiosa”, o direito das pessoas professarem sua religião. Ora, e quem está impedindo isso? Não se pode confundir restrição de aglomeração com proibição de orar. Ou Deus só escuta os fiéis nos templos?

E por falar em “direitos”, e o direito à vida? Fica em segundo plano? E o direito ao trabalho e à livre circulação? Acaso não estão restritos também, em nome do direito maior, que é viver? Ou para os doutores só interessa o direito que agrade ao patrono/patrão?

Os templos e igrejas não estão interessados nos fiéis, mas no dinheiro dos fiéis. E como Jair Bolsonaro se diz – porque não é – “terrivelmente evangélico”, e precisa do apoio da bancada evangélica, populista e irresponsável que é, prega mais uma atitude suicida.

Por falar nisso, o pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais prometeu um ministro do STF “terrivelmente evangélico”, desrespeitando assim o princípio do Estado laico. André Mendonça, pelo visto, assegurou a tão sonhada cadeira.

Daqui a dez ou quinze dias, após mais uma explosão de casos, e daqui há três ou quatro semanas, com os hospitais ainda mais superlotados, Kássio, Augusto e André deveriam visitar algumas UTI’S, e dar uma mãozinha aos médicos e enfermeiros. Em nome de Jesus! E do Messias, é claro.