Você já deve ter se deparado nos fins de semana com eventos de corrida de rua em algum canto da cidade, seja ela qual for. Ou então já encontrou atletas profissionais ou amadores praticando o esporte em parques, praças públicas e avenidas. Essa atividade física ganha a cada ano mais adeptos e atrai pessoas de todas as idades e qualquer porte físico. Estima-se que existam entre 5 milhões e 11 milhões de corredores de rua no Brasil, número que varia de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem.

No relatório “Práticas de Esporte e Atividade Física”, da Pnad 2015, realizado em parceria com o Ministério do Esporte, 24,6% dos brasileiros afirmaram praticar corrida e caminhada com alguma frequência. “Sabemos que é um número superestimado, pois às vezes não é atividade física, é locomoção apenas. Nessa mesma pesquisa, 40% dos brasileiros são sedentários. Por isso queremos colocar as pessoas em movimento, transformando a vida delas por meio do esporte”, diz Guilherme Accursio, gerente de marketing da Norte MKT.

São muitos motivos que levam uma pessoa a praticar corrida de rua. Pode ser por questão de saúde, de estética, para superar limites ou até para começar uma transformação na vida. O primeiro passo com o tênis no pé já inicia a mudança, que só ocorrerá com persistência. “É uma terapia, pois melhora a qualidade de vida. É o remedinho”, afirma Nelson Evêncio, de 49 anos, que corre há 25.

Ele já foi presidente da Associação de Treinadores de Corrida de Rua de São Paulo e agora tem uma assessoria esportiva que treina corredores. Já fez muitas pesquisas sobre o tamanho desse mercado, que garante crescer a cada ano, mas relata que é muito complicado conseguir dados de todos os Estados brasileiros.

Um grupo que está puxando esse crescimento no País é o das mulheres. “O mercado feminino cresce cada vez mais. Nos EUA as mulheres já são maioria nas corridas de rua, mas aqui no Brasil ainda não. Em um ano ou dois, elas serão maioria”, acredita Evêncio. “A minha equipe tem 81% de mulheres.”

São muitos os argumentos que contribuem para o crescimento do mercado de corridas. O principal é que, para correr, não é preciso alugar um espaço, pois pode fazer onde quiser. Também não necessita de um adversário. Segundo Thadeus Kassabian, diretor da Yescom, o atletismo é o segundo esporte do Brasil. “As grandes capitais têm, pelo menos, três provas por fim de semana, o que movimenta produtos, serviços, vestuário, saúde, turismo e infraestrutura”, afirma.

Eliane Verderio, CEO da Iguana Sports, concorda com seu colega. “O Brasil é um mercado de corrida ainda jovem se comparado aos mercados mais maduros, como o norte-americano. A consciência da necessidade em praticar atividades físicas ainda é pequena em nosso País”, diz.