Com a atuação do Banco Central, que ofertou US$ 2 bilhões em leilão de linha no início da tarde desta terça-feira, 27,o dólar recuou durante a maior parte do dia e fechou cotado a R$ 3,8729, em queda de 1,24%. Operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, atribuem o movimento a uma correção, após a alta tida como “exagerada” de segunda-feira. Já próximo do fechamento, contribuíram para a queda ainda uma perspectiva de acordo para votação da cessão onerosa e em relação ao andamento da agenda de privatizações do novo governo.

A autoridade monetária anunciou leilão ainda na segunda-feira, após a moeda romper os R$ 3,92 no quarto dia seguido de alta, atingido o maior patamar em quase dois meses. Os US$ 2 bilhões, que seriam ofertados em dois lotes para “prover liquidez ao mercado de câmbio, como é normal nesta época do ano”, foram vendidos em uma única operação.

O dólar, que na máxima do dia chegou aos R$ 3,9250, logo após a abertura, passou o dia em queda e renovou mínimas próximo ao fechamento, com perspectiva de que se chegue a um acordo sobre o projeto da cessão onerosa. Além disso, operadores apontam que há indicações positivas, por parte da equipe de Jair Bolsonaro a investidores, sobre a agenda de privatizações do novo governo. Na mínima, já próximo do fechamento, o dólar atingiu R$ 3,8709.

O diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, aponta que, após dias seguidos de saída de estrangeiros e cenário externo desfavorável a emergentes, o que permitiu um avanço continuado do dólar, o mercado fez movimento mais agressivo na segunda para romper o patamar dos R$ 3,85. E corrigiu posição nesta terça, impulsionado pelo Banco Central.

“Foi um gatilho para uma tendência de médio prazo. Mas o movimento de segunda foi exagerado e o mercado recuou com o BC”, pontua. Na segunda, o dólar ganhou impulso ainda por um movimento de compra por parte de bancos, em antecipação ao calendário de envio de remessas por empresas ao exterior.

O economista-chefe da Guide Investimentos, Victor Candido, completa que, após dias testando o câmbio, o mercado temeu que manter o dólar em um patamar alto pudesse implicar uma ação mais incisiva do Banco Central, via swap cambial.

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Os economistas destacam, contudo, que o cenário para emergentes está prejudicado globalmente, sobretudo os ligados a commodities, e o dólar tem se mantido forte. Assim, a moeda americana deve se manter acima dos R$ 3,85. Nesta terça, o petróleo voltou a cair após a alta de segunda. E já acumula um recuo de 20,8% no mês, acompanhando a perspectiva de desaceleração global da economia nos próximos anos, gatilho para uma fuga a risco.


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