18/06/2024 - 16:23
De Las Vegas, EUA *
Desde o surgimento do ChatGPT no fim de 2022, as aplicações de IA generativa passaram a figurar entre as prioridades das empresas que querem modernizar seus processos. Por sua vez, os grandes fornecedores de plataformas de nuvem aproveitam este momento para incorporar a IA generativa em seus serviços e atrair mais clientes.
Nos últimos meses, empresas como Oracle, Google Cloud, SAP e AWS anunciaram vários recursos de IA generativa para suas plataformas de cloud. E nesta terça-feira (18) foi a vez da Hewlett Packard Enterprise revelar uma nova etapa de sua estratégia, incluindo uma parceria com a Nvidia, companhia que projeta os chips mais usados para aplicações de IA.
“Unir todos os componentes necessários para rodar aplicações de IA generativa é algo extremamente complexo. Com essa parceria com a NVidia, pretendemos entregar uma solução integrada para facilitar esse processo”, disse Antonio Neri, CEO da HPE, durante o HPE Discover, evento da empresa realizado nesta semana em Las Vegas (EUA).
Jensen Huang, CEO da Nvidia, também esteve no evento e afirmou que a IA generativa traz mudanças profundas para negócios de todos os setores. “Essa é a maior transformação de plataformas de computação em décadas. É uma grande transformação que usa modelos automatizados para executar tarefas, em substituição a instruções concebidas por engenheiros. O que temos hoje são ‘fábricas de IA’ onde produzimos inteligência em grande volume”, disse Huang.
A dobradinha Nvidia/HPE resultou na plataforma de IA batizada de Nvidia AI Computing by HPE. Entre os principais serviços anunciados está o HPE Private Cloud AI, solução que integra recursos de processamento de IA da Nvidia à plataforma de nuvem da HPE, a Greenlake. Com a parceria, clientes poderão escolher entre quatro configurações de servidores da HPE, que já virão preparados com software e hardware da Nvidia para funcionarem em soluções de nuvem privada. A parceria inclui também o fornecimento dos chips Blackwell, linha mais recente de chips da Nvidia, para os servidores produzidos pela HPE.
Foco na nuvem híbrida
A Hewlett Packard Enterprise – empresa de soluções de tecnologia para grandes companhias criada em 2015 a partir de um desmembramento da HP – atua principalmente no segmento de nuvens híbridas (ambientes de nuvem em que parte dos dados está em datacenters operados pelas próprias empresas e outra parte está em nuvens públicas, operadas pelo fornecedor).
“Nosso foco tem sido desde o começo a nuvem híbrida. A realidade é que as grandes empresas têm várias plataformas de nuvem. E parte dos processos tem que ser realizada de forma local, por questões de privacidade de dados”, diz em entrevista à ISTOÉ Bryan Thompson, VP de serviços da HPE Greenlake Cloud.
Thompson explica que cada vez mais empresas são obrigadas a manter certos dados em suas estruturas, devido às leis de proteção de dados de seus países. “Por outro lado, essas empresas também querem os benefícios da nuvem pública, como agilidade e acesso mais fácil a novas tecnologias. Do nosso lado, procuramos atender também essas necessidades com a nuvem híbrida”, afirma.
Assim como outras companhias do segmento, a HPE já vem colhendo frutos do aumento da demanda por aplicações de IA. No trimestre fiscal mais recente, a companhia apresentou lucro acima do esperado pelo mercado.
O fator Nvidia
Se a HPE vem surfando na onda da IA, dá pra dizer que a Nvidia vem nadando de braçada. Até poucos anos atrás, a empresa era mais conhecida apenas entre gamers, devido à sua tradicional linha de placas gráficas que equipam computadores e videogames desde os anos 1990.
Em 2013, porém, Jensen Huang e outros executivos da Nvidia perceberam que as aplicações de inteligência artificial rodavam de forma mais eficiente nos chips gráficos, conhecidos como GPUs, do que nas CPUs tradicionais fabricadas por empresas como Intel e AMD. Foi então que Huang redirecionou a estratégia da empresa para ser uma fornecedora de hardware e software para IA.
A estratégia deu certo. Nesta terça-feira, 18, a empresa ultrapassou a Apple como a mais valiosa do mundo, atingindo o valor de mercado de US$ 3,3 trilhões.
* O jornalista viajou a convite da HPE