Você provavelmente não deve ter ouvido falar do AC Monza até o lateral-esquerdo Carlos Augusto, de 21 anos, considerado um jovem promissor do elenco do Corinthians, ter sido contratado pelo time italiano no final de agosto por 4 milhões de euros (R$ 25,7 milhões). O clube acabou de subir para a segunda divisão do Campeonato Italiano, após quase duas décadas na Série C. Mas para que o acesso fosse possível, a equipe da Lombardia, que passou por um recente processo de falência, contou com um recurso fundamental: dinheiro.

O investimento veio de uma holding da família de um conhecido empresário e político italiano, que comprou 100% das ações do clube em setembro de 2018. A Fininvest SpA, fundada por Silvio Berlusconi, foi quem adquiriu o Monza por R$ 13,5 milhões. Além da fama empresarial e política, já que foi primeiro-ministro da Itália em quatro ocasiões, o novo proprietário também é conhecido no futebol. Ele foi dono do Milan, entre 1986 e 2017, ano em que vendeu o clube para um fundo de investimentos chinês por cerca de R$ 2,5 bilhões.

Sob a direção de Berlusconi, o Milan ganhou 29 títulos em 31 anos. Entre as principais conquistas estão oito Campeonatos Italianos, uma Copa da Itália, cinco Supercopas da Itália, cinco taças da Liga dos Campeões da Europa e três títulos mundiais.

É com o aporte financeiro da Fininvest que o Monza traça a sua maior ambição dentro dos gramados: chegar à primeira divisão da Itália, o que jamais aconteceu ao longo dos 108 anos de história do clube. Fundado em 1912, a trajetória do Monza é repleta de altos e baixos. Claro, isso em suas devidas proporções. Para um clube em que a terceira divisão é frequente, o acesso à Série B pode ser considerado um alto e, por muitas vezes, um ápice.

Foi isso o que aconteceu em 1951, ano em que pela primeira vez o Monza atingiu a segunda divisão. Foram quase 40 anos tentando subir. Entretanto, o time se firmou na Série B pela metade do tempo que demorou para ascender. Em 1966, caiu novamente. Dessa vez ficou apenas uma temporada na divisão inferior. No ano seguinte, estava mais uma vez na segunda divisão. E foi assim que a trajetória do Monza se sucedeu ao longo do século XX: entre quedas e acessos.

A chave virou a partir de 2000, ano em que o clube passou a viver um declínio brutal. A má gestão esportiva fez com que o Monza declarasse falência simultaneamente a um rebaixamento para a Série D. A situação financeira só melhorou em 2005, mas o bom futebol foi deixado de lado e o clube chegou a ficar sem divisão. A ressurreição do Monza viria acontecer em 2015, ano em que foi comprado pelo empresário Nicola Colombo e, enfim, voltou aos gramados.

O investimento inicial trouxe bons resultados. O clube retornou à Série C no ano seguinte. Contudo, apenas o auxílio de Colombo não era suficiente. Os recursos que faltavam para o acesso à segunda divisão foram angariados com a compra de Berlusconi, que pôde traçar um novo objetivo ao clube centenário: o acesso inédito à Série A. Para isso, Berlusconi conta com Adriano Galliani, seu braço direito nos tempos de Milan e agora administrador do Monza.