Lendas das artes marciais mistas (MMA), os irmãos gêmeos Rogério e Rodrigo Nogueira, conhecidos como Minotouro e Minotauro, respectivamente, se viram diante de um novo desafio após o fim de suas carreiras: comunicar suas histórias de sucesso em forma de palestra. Foi aí que, indicado por Kyra Gracie, eles conheceram o professor Guilherme Miziara, uma das maiores autoridades do país nas áreas de comunicação empresarial, negociação corporativa e gestão de conflitos.

A parceria funcionou e graças à preparação de Miziara, eles conseguiram alcançar a propalada transição de carreira, que proporciona uma readequação profissional. No caso de Minotouro e Minotauro, a ideia era passar de forma interessante as suas trajetórias. Feliz com o resultado, Minotouro falou um pouco sobre a experiência que o tornou capaz de causar impacto novamente – dessa vez, através de um discurso influente e organizado.

– Busquei o treinamento do Miziara porque naquela época eu tinha um desafio muito grande. Era uma transição, começar um projeto, junto com o meu irmão (Rodrigo Minotauro), de fazer umas palestras contando a minha história. Tínhamos um patrocinador que estava querendo fazer um contrato diferente para estas palestras. Então, fizemos uma imersão de alguns dias.: eu, meu irmão e o Miziara. Montamos este treinamento e foi um sucesso. Ele nos deu algumas dicas, fomos entendendo o passo a passo. Tudo muito técnico e detalhado. Aí, ficou fácil para a gente chegar lá na frente e passar a nossa verdade – comentou Minotouro.

Guilherme Miziara, que desenvolveu um treinamento chamado “A arte de comunicar de forma influente”, foi só elogios ao pupilo, que o surpreendeu pela entrega no processo e interesse em desenvolver uma nova habilidade.

– O que eu falava para o Minotouro fazer, ele fazia e chegava muito preparado. Se organizava, treinava. Trabalho com muitos líderes de empresas e é impressionante a diferença de trabalhar com atleta. O Minotouro era muito determinado e dedicado e sabia o que ele queria. Tinha objetivo de conseguir resultado. Se eu falasse que ele teria de treinar 50 vezes as apresentações, ele me atenderia. Se eu falasse para ele refazer um ponto, ele refazia até ficar perfeito. Ele tem um compromisso com a entrega, o que é fundamental para a carreira de um atleta, mas também para a de um apresentador – disse Miziara.

Segundo o professor, o objetivo do treinamento foi ensinar o ex-campeão a relatar sua trajetória de maneira interessante, respeitando alguns princípios básicos da comunicação empresarial:

– Eu montei um roteiro, montei oito passos para se tornar um campeão com a ideia do octógono. Fiz uma associação com as empresas, ao dia a dia das pessoas, trazendo exemplos que façam sentido para as pessoas. A ideia também era deixá-lo mais à vontade, para que ele conseguisse se expressar melhor, gesticular com desenvoltura. Mostrar a pessoa simpática que ele é, porque a expressão fechada pode trazer um afastamento inicial e ele precisa mostrar que é um cara legal, um cara próximo. Não só o roteiro, como a estrutura, a forma como ele comunicava aquilo, as expressões. Foi um treinamento completo.

Outro objetivo de Minotouro e Minotauro era aproveitar o mercado de comentarista de lutas. Muito do que foi aprendido com as aulas de Miziara pôde ser aproveitado para trabalhar na televisão, com algumas adaptações para conquistar audiência.

– Se as pessoas não entendem o que ele diz, ele não consegue fazer essa transição de carreira e nem expressar seu conteúdo. Como por exemplo, falar: ‘eu bati’. Bateu, para quem é de fora, parece que você ganhou a luta, que você bateu na pessoa. Mas, quando você fala de MMA, o bater é desistir. Será que todo mundo entende os códigos? Quando ele vai para uma palestra numa empresa ou vai fazer comentários na televisão, começa a falar para pessoas que não necessariamente conheçam o esporte. Nestes casos, a dificuldade é conseguir adequar a linguagem a estas pessoas, que talvez não sejam seus fãs e não saibam a história dele – afirmou Miziara.

Para encerrar, o palestrante profissional pontua a importância de criar estratégias não só para manter o seu público fiel, formado por fãs e adeptos da luta, mas também com objetivo de arrebatar mais pessoas. Se não houver uma treinamento adequado, a transição de carreira não será possível e a tendência é de perder audiência até mesmo de seus admiradores.

– A dica é que ele se prepare se ele quer ser um palestrante, um comentarista de televisão ou fazer um programa de televisão ou internet. Porque senão ele vai seguir falando para o público que é dele, para os fãs e não vai alcançar novos públicos e com o tempo as pessoas vão passar a ter outros ídolos, vão gostar de outras pessoas ligadas ao esporte e vão acabar perdendo esta conexão com o ídolo antigo. Assim, a ideia é conseguir dar continuidade à carreira – falou.