A atriz Paolla Oliveira, de 41 anos, foi mais uma artista que encerrou seu contrato fixo com a TV Globo, após 18 anos. No domingo, 3, por meio um carrossel de fotos em seu perfil no Instagram, a namorada de Diogo Nogueira relembrou sua trajetória na emissora ao longo de todos esse anos.

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“O tal post do crachá anda tão comum, não é? Eu mesma me questionei se era necessário. E cheguei a conclusão que sim, pois são 18 anos em que venho construindo uma história na Globo – uma emissora em que agarrei a todas as oportunidades. E com o tempo, nela, construí uma carreira da qual me orgulho muito, resultado de muita entrega e compromisso”, escreveu ela na legenda da publicação.

“Logo na minha terceira oportunidade encarei minha primeira protagonista em horário nobre, um salto gigante. Aprendi muito com tudo e jamais me acomodei com as conquistas. Porque sucesso, para mim, é resultado de talento e empenho. Pra dar vida a personagens, a gente tem que ir a fundo, se dominar, buscar coisas novas e compreender o que ainda nem sabemos sobre a gente e nossas emoções”, analisou.

Paolla Oliveira estreou na Globo em 2005, quando integrou o elenco de ‘Belíssima’. Pouco depois, conseguiu um papel de protagonista. A sua última participação em folhetins foi em ‘Cara e coragem’, de 2022, que foi indicada ao Emmy Internacional na categoria Melhor novela.

Além de Paolla, outros atores consagrados também tiveram seus contratos encerrados com a emissora. Em abril deste ano, a TV Globo promoveu cortes no setor de jornalismo, alegando necessidade de manter “o processo de transformação e evolução” e “disciplina de contas”. Jornalistas renomados como Giuliana Morrone, César Galvão e Fabio Turci estão entre os demitidos da emissora global.

Como é novo contrato da Globo ?

Nos últimos anos, a Rede Globo tem encerrado o contrato fixo de vários artistas veteranos, como Antonio Fagundes, Stenio Garcia, Marieta Severo, Osmar Prado, entre outros nomes. Agora, o objetivo da empresa é cortar os altos salários e fazer apenas um contrato por obra, algo que acaba deixando os atores livres para negociar trabalhos em outras emissoras ou plataformas de streaming.

A Globo está falindo?

IstoÉ Gente conversou com Higor Gonçalves, jornalista especializado em gestão estratégica de imagem, que fez uma análise sobre o assunto e explicou a nova reformulação da emissora.

“A imagem da Globo, ou seja, a forma como a emissora é vista pelo público, sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Da fundação, em 1965, à consolidação como rede nacional de televisão, dez anos depois, passando pela expansão das operações e pela chegada à liderança de audiência, a empresa conquistou uma reputação valiosa”, começa o especialista.

“Uma imagem construída a partir de decisões empresariais assertivas, de inovações tecnológicas, produtivas e comerciais bem implementadas, e, não menos importante, de uma gestão de talentos competente. Todos esses elementos, em paralelo a acordos político-econômicos estratégicos para a empresa e a contingências, como a histórica inundação que atingiu o Rio de Janeiro em 1966 e que foi coberta ao vivo pela Globo, ajudaram a construir a reputação da emissora. Uma imagem ora controversa, é verdade, mas também de prestígio, diga-se de passagem. Quem não se lembra, por exemplo, de expressões como ‘padrão Globo de qualidade’ e ‘toda-poderosa’?”, explica.

“Ocorre que, com a chegada do século XXI, e a reboque de transformações político-econômicas, sociais e tecnológicas da primeira década dos anos 2000, a emissora começou a sofrer constantes quedas de audiência, mesmo emplacando produtos de sucesso. Na época, o aumento da renda média causou mudanças nos hábitos de consumo da população, que passou a sair de casa com mais frequência e a migrar para outras fontes de informação e entretenimento. No mesmo período, a internet começou a se popularizar e a atrair parte do público das emissoras abertas de televisão”, detalha.

“Um amplo estudo realizado pela Kantar Ibope Media sobre a audiência das TVs abertas brasileiras constatou que, entre 2001 e 2021, a Globo perdeu cerca de 1 em cada 3 telespectadores. A média nas 24 horas do dia em rede nacional, que era de 20,5 pontos em 2001, caiu para 15,3 pontos vinte anos depois. A Globo não foi a única emissora a perder espectadores. Com o crescimento do acesso à internet e a popularização do uso de dispositivos móveis, como celulares e smartphones, uma parcela considerável do público das TVs passou a se inteirar dos acontecimentos e a se entreter de modo online, a partir de portais de notícias, mídias sociais, jogos eletrônicos e serviços de streaming”, conta.

“As mídias digitais conquistaram uma parte significativa do público. Com a debandada da audiência para outras plataformas, a publicidade também dispersou-se. Se antes as TVs disputavam as verbas dos anunciantes apenas com veículos como rádios, jornais e revistas, por exemplo, as alternativas para a exibição de publicidade passaram a ser diversas. Instaurou-se uma ‘guerra pela atenção’. Que, neste momento, está acirradíssima. A Globo vem sentindo esse efeito há cerca de uma década, mas, há pelo menos cinco anos, percebendo que a conjuntura não iria melhorar, começou a enxugar despesas por meio do projeto ‘Uma Só Globo’. A intenção era integrar equipes e estruturas, desenvolver novas áreas de atuação, criar novos negócios, buscar fontes alternativas de receitas, e, principalmente, transformar a empresa que estava nascendo em uma ‘media-tech’, capaz de entregar conteúdos e serviços por meio de métodos online que combinam mídia e tecnologia digital, como Netflix e Spotify, por exemplo. Acontece que a primeira etapa da reestruturação chegou ao fim, no segundo semestre de 2021, sem muito a comemorar”, analisa.

“Renegociação de contratos, venda de propriedades e desligamentos de colaboradores tornaram-se uma constante na Globo, que está atravessando um intenso processo de digitalização e focando todas as energias no Globoplay. É importante falar que outros grupos de mídia robustos, no Brasil e no mundo, estão se reestruturando, promovendo cortes e tentando equilibrar despesas e receitas para manterem-se competitivos. No entanto, em termos de imagem, ou seja, de percepção, o caso da Globo é diferente: parte do público tem rejeitado a emissora, sobretudo nos últimos dez anos, por enxergar um suposto alinhamento político-ideológico com pautas consideradas de esquerda.”, comenta Higor.

“Os atritos públicos com o último governo federal, que foi eficiente em propagar a ideia que a Globo era esquerdista, que conspirava contra o país e que dependia exclusivamente das verbas de patrocínio estatal antes de 2019, também contribuíram para a mudança da percepção. Todos esses fatores, somados às divulgações nos últimos anos de prejuízos financeiros milionários, de demissões voluntárias e compulsórias de famosos e anônimos, e, principalmente, de uma gestão de crise de imagem corporativa ineficaz por parte da empresa, estão transmitindo a impressão de falência. É como um império que está desmoronando. Mas, o fato é que o Grupo Globo não está falindo. Uma evidência incontestável, segundo levantamento recente divulgado pela revista Forbes, é que a família controladora do conglomerado se mantém entre as mais ricas do País’, finaliza.