O Governo expulsou 1,5 mil servidores públicos — boa parte por crimes de corrupção — na gestão de Jair Bolsonaro desde janeiro de 2019, apesar de o presidente posar de xerife da moralidade repetindo que não há esse problema em sua administração. São dados oficiais da Controladoria-Geral da União. Foram 542 expulsos de seus cargos em 2019; 513, em 2020 e, nesse ano, 445 demitidos. Outros motivos foram “abandono, inassiduidade, acumulação, peculato”. Um parágrafo da emperrada reforma administrativa no Congresso pode fazer crescer esses casos: o que trata de demissão por incompetência. O jeitinho de fazer “jogo mole” porque o cargo concursado garante a estabilidade é outro ponto negativo para a CGU. Desde 2003, 8.858 servidores sofreram “sanções expulsivas” — a maioria nos governos do PT. Mas o maior número da série (643) foi registrado no primeiro ano do governo Bolsonaro. Nos últimos 18 anos, o Ministério da Economia lidera o ranking, com 3.330 servidores mandados para o olho da rua.

CGU já expulsou 1,5 mil servidores no governo Bolsonaro — muitos por corrupção. Ministério da Fazenda lidera ranking, assim como a Era do PT

Com a mão na Bíblia

Pedro Ladeira

A forte bancada evangélica mandou recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Se o projeto de lei que legaliza jogos de azar (bingo, bicho, cassino, entre outros) for aprovado, não apoiarão a sua reeleição ao comando da Casa. O presidente pediu cautela e fez um afago, há dias, à turma da Bíblia. Incluiu na pauta para 2022 um PL que isenta igrejas de IPTU.

Operação da Polícia Federal atropela Ciro

MAURO PIMENTEL

A recente operação da PF que cercou Ciro Gomes (PDT), sobre suspeitas de receber vantagens na construção de estádio para a Copa, minou a sua pré-candidatura. Pesquisas de grandes institutos já vão mostrar o estrago — somado, também, à entrada de João Doria e Sergio Moro na disputa, que lhe ofuscam a galope. Uma saída honrosa para o PDT será a aliança com Lula, apesar das rusgas. É caminho natural em um eventual 2º turno, pela tradicional aliança de centro-esquerda. O problema é que as cúpulas dos partidos não enterraram a briga das eleições de 2018, quando Ciro abandonou o petista Fernando Haddad.

O preço da imortalidade de Wellington

Joao Allbert

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), está consolidando o caminho para sua imortalidade – a cultural. Mira cadeira na Academia Piauiense de Letras. O Diário Oficial do Estado deu a letra, com a destinação, pelo governo do petista, de subvenções sociais de R$ 180 mil para a APL (nesse e no ano que vem). Wellington Dias concorre a uma das vagas com o falecimento de dois imortais. Ele é exímio escritor desde os anos 80, com cinco livros editados. O primeiro foi “Maria Valei-me” (1984), e o último é “A Melancia do Presidente” (2018). Nenhum deles o alçou à imortalidade. Por ora.

Bolsonaro reforça caixa das Forças

Bolsonaro turbinou o orçamento das Forças Armadas desde que assumiu, segundo dados do Ministério da Defesa. No governo de Dilma Rousseff, em 2015, o orçamento foi de R$ 81 bilhões; saltou para R$ 102 bi, em 2018 – ainda na Era PT – e, neste ano, a dotação é de mais de R$ 110 bi. A maior parte é destinada ao Exército e ao pagamento de pessoal. A Defesa informa que o Orçamento para 2022 “encontra-se em tramitação no Congresso”. Mas especula-se que o Palácio pode injetar até R$ 130 bi. O incremento foi promessa de campanha. A despeito das conversas com o Centrão, o presidente estuda nome de militar para vice na chapa, para manter o elo.

E segue o inferno de Alcolumbre

Crise sem fim para Davi Alcolumbre, que despencou de uma inusitada presidência da Casa Alta para o baixo clero de onde saiu. Avalia disputar a Câmara dos Deputados. A preocupação tem nomes: João Capiberibe e o neófito bolsonarista Cirilo Fernandes crescem na boca do povo para o Senado.

A fila dos diplomatas

O ano termina com 13 diplomatas já indicados pelo Itamaraty para cargos em embaixadas como as da Bolívia, Síria e Gana. Eles não serão sabatinados na Comissão de Relações Exteiores (CRE) e pelo plenário do Senado, que deliberam em fevereiro. Após perder a vaga para o TCU, a senadora Kátia Abreu, presidente da CRE, anda de mau humor.

E a máscara não caiu

O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, programara para o fim de novembro a revogação do decreto que obriga o uso de máscara em locais fechados. A variante ômicron forçou o freio. O presidente Bolsonaro — que não a usa — faz pressão. Vestido mais de médico, Queiroga faz de surdo. Tem em mãos reports sobre riscos da liberação.

Nos bastidores

Bretas escoltado 24h
Mesmo com a derrocada da Lava Jato e com iminente saída de Sérgio Cabral da cadeia, o juiz federal Marcelo Bretas vai manter escolta 24h da PM na porta de casa. E na rua.

De bilhão em bilhão
O deputado Filipe Barros quer da PGR acesso ao acordo de Joesley Batista, que pede desconto de 90% dos R$ 10 bilhões que prometeu pagar. Em Goiás, ele teve R$ 1 bi de ICMS perdoado por Marconi Perillo.

Adega ficou para trás
Vendida para empresário paulista por mais de R$ 100 milhões, a Fazenda Jacumã, em Trancoso, na Bahia, guarda uma adega invejável à beira da piscina. Era muito usada por Fernando Cavendish, mais habitué do paraíso do que o antigo dono.

O GSI sempre alerta

O GSI e o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos do Palácio soltaram oito alertas esse ano sobre tentativas de ataques. Número recorde. Foram três nos últimos dois anos.