A maior zebra da atual edição da Liga dos Campeões veio aos 46 minutos do segundo tempo, no Santiago Bernabéu, na Espanha, quando Sébastien Thill acertou bela finalização e garantiu a vitória para o Sheriff Tiraspol sobre o Real Madrid, por 2 a 1. O jovem time de somente 24 anos é o único invicto em um grupo com os espanhóis, a Inter de Milão e o Shakhtar Donetsk e o maior campeão da Moldávia, com 19 títulos. Mas não ouse chamar seus torcedores de moldavos. Eles se denominam de uma república independente, a Transnístria, e se “consideram” russos.

Tiraspol é a capital da Transnístria, que mesmo não reconhecida dentre os países independentes pela comunidade internacional, se considera uma nação, com direito a governo, moeda e bandeira próprias. O símbolo remete à União Soviética, mostrando suas origens e a quem se declarou unilateralmente independente em 1990.

Apesar da declaração de independência das repúblicas soviéticas no fim dos anos 80, a Transnístria (região além do rio Dniestre e parte da Moldávia) jamais quis se separar e não aceita ser apontada como parte do novo país. Não por acaso viveu envolvida em diversas batalhas para “ser livre”. Sua população gira em torno de 160.000 pessoas.

Já o nome do clube nada tem relacionado a delegacias ou xerifes de determinadas cidades. Basta andar rapidamente pelas ruas de Transnístria e a resposta virá. Sheriff é um conglomerado de empresas, dentre os quais estão supermercados, postos de gasolina, construtora, emissora de televisão e o time de futebol, que recebe um belo aporte financeiro.

Com investimento pesado, o clube é heptacampeão e já ergueu 19 das 30 taças da história do Campeonato da Moldávia, que conta com 10 equipes, sendo a primeira em 2000 – foram dez seguidas. No elenco, jogadores sul-americanos e africanos. O clube conta com atletas brasileiros pouco aproveitados no País, casos de Fernando Costanza, Cristiano e Luvannor, que é nacionalizado moldavo.

Para chegar à atual edição da Liga dos Campeões, foram quatro rivais deixados pelo caminho na fase eliminatória. Dois deles, de tradição: Estrela Vermelha, da Sérvia, e o Dínamo Zagreb, da Croácia.

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Os feitos vão ganhando os holofotes a cada dia. São marcas históricas a cada partida. E o Sheriff Tiraspol, com seis pontos, já sonha com uma vaga às oitavas.

Autor do gol do maior triunfo da história do clube da Moldávia, Sébastien Thill tem uma tatuagem na panturrilha esquerda na qual sonha com a Liga dos Campeões. Ele fez história nesta terça-feira ao se tornar o primeiro jogador de Luxemburgo a marcar um gol na fase de grupos da competição.

A finalização do jogador figura entre “os detalhes” que Carlo Ancelotti usou para justificar o vexame histórico em Madri. “O Sheriff se defendeu bem, como podia. Fizemos bem o combinado, pressionamos, tivemos vários cruzamentos, mas não fizemos com qualidade e os pequenos detalhes decidiram”, afirmou o treinador merengue.

Ancelotti não escondeu, porém, sua indignação com o resultado ruim. “Estamos preocupados, apesar das chances de conquistar três pontos. Mais do que preocupados, estamos tristes. Jogamos com intensidade, empenho… Foram os pequenos detalhes, um cruzamento e uma cobrança lateral, que nos custaram o jogo. Há momentos em que a má sorte custa. Poderíamos ter sido melhores, é difícil explicar esta derrota.”


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