A fábrica da Volkswagen localizada em São José dos Pinhais, no Paraná, vai voltar a produzir em dois turnos a partir de abril do ano que vem, depois de um pouco mais de um ano operando em apenas um turno. O aumento do ritmo se deve ao início da montagem do primeiro SUV da marca feito no Brasil, o T-Cross, apresentado nesta quinta-feira, 25, a jornalistas.

Com o retorno do segundo turno, cerca de 500 funcionários que estavam em lay-off (suspensão temporária de contratos) voltam ao trabalho. O contingente representa um quinto do total de trabalhadores da fábrica, que tem 2.563 pessoas contratadas.

Com o lançamento do T-Cross, a Volkswagen pretende entrar de vez no mercado brasileiro de SUVs. Até então, a marca só contava com o Tiguan, importado do México. A meta da montadora é que o T-Cross termine 2019 entre os três mais vendidos do segmento. No acumulado de 2018, o pódio é ocupado por Compass, da Jeep, HR-V, da Honda, e Creta, da Hyundai.

Com o lançamento de mais um SUV, a Volkswagen busca virar referência no segmento que mais tem crescido dentro do mercado de veículos no Brasil. Durante a crise, enquanto todo o setor caía, as vendas de SUVs subiam. Não por acaso, a participação desse segmento no total de automóveis vendidos saltou de 9% em 2012 para 24% neste ano.

Isso ocorreu porque o público alvo desse segmento é um consumidor de renda mais alta, que foi menos afetado pela crise econômica. É alguém com menos chance de perder o emprego, com mais reservas financeiras e que, por isso, tem uma maior probabilidade de ter um financiamento aprovado pelos bancos. Além disso, muitas vezes tem um carro usado para dar de entrada.

A Volkswagen, que sempre se destacou no segmento de carros de entrada, com o popular Gol, chegou atrasada no segmento de SUVs e acabou sendo uma das mais afetadas pela crise. Agora, tenta recuperar o tempo perdido.

Para a empresa alemã, o segmento tem potencial para chegar a 30% do mercado de automóveis em 2022. Em razão disso, espera lançar mais três veículos dessa categoria até 2020. Um dos próximos três será produzido na Argentina. Os outros dois ainda estão em análise e podem ser fabricados no Brasil.

Apresentado a jornalistas em São Paulo, o T-Cross foi lançado simultaneamente em Xangai, na China, e em Amsterdam, na Holanda. “É um carro global, que traz alterações para o gosto e perfil dos clientes da América Latina, reforçando a nossa estratégia de regionalização”, disse o presidente da Volkswagen para a região latino-americana, Pablo Di Si. “O T-Cross que será feito no Brasil traz mudanças em seu design, maior espaço interno e é mais alto que o modelo europeu”, explicou.

O mercado de SUVs deve continuar recebendo maior atenção das montadoras em 2019, uma vez que o consumidor de menor renda deve seguir encontrando dificuldades para obter financiamentos com os bancos, bem diferente do cenário de 2010 e 2011, quando clientes de alto risco conseguiam financiar carros com entrada zero e prestações de até 90 meses.

Para produzir o T-Cross, a fábrica do Paraná recebeu investimentos de R$ 2 bilhões, o que inclui a compra de 250 robôs e 150 ferramentas. O início da venda no Brasil deve ocorrer no segundo trimestre. Cerca de 75% do conteúdo do automóvel é brasileiro. O preço ainda não foi divulgado. O carro também será exportado para a Argentina e outros países da América Latina.