Lava Jato
Todos na mira

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A versão de que a Lava Jato é um complô destinado a bloquear o caminho de Lula de volta ao Planalto e a destruir o PT tem sido repetida à exaustão por diversos críticos desde as revelações iniciais do saque organizado por políticos e empresários contra a Petrobras e outros tesouros da República. A notoriedade e quantidade de petistas alcançados já nas primeiras investigações reforçaram a teoria conspiratória, gerando o mantra da vitimização entoado dia e noite, até hoje, pelo ex-presidente e seus aliados. Na quinta-feira, 6, a Matemática transformou em pó esse discurso. Acolhendo pedido da Procuradoria-Geral da República, o relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavaski, dividiu em quatro o “inquérito mãe” que deu origem à Operação, em junho de 2013. O fatiamento agrupou em núcleos próprios quadrilhas que o juiz Sérgio Moro entregou ao STF, por incluírem políticos que gozam de foro privilegiado. O que se viu nessa lista fragmentada foi a presença do PT com 13 nomes, frente a 30 do PP e 24 do PMDB (15 na Câmara e 9 no Senado). Inspirados pela lógica petista e diante da liderança de seus pares nas garras da Justiça, certamente agora surgirão indignados pronunciamentos de chefões do PP e do PMDB, como os investigados senadores Ciro Nogueira (PI) e Renan Calheiros (AL), denunciando suposta motivação fraudulenta da Força Tarefa de Curitiba, para macular a honra e os sonhos das duas legendas… Reações como essa talvez surpreendam pouca gente. Afinal, tem sido rotina na classe política, em declarações e ações, tentativas de enfraquecer e bloquear a Lava Jato. A taxa de sucesso dessas manobras, até aqui, é próxima de zero; mas vale manter a vigília.

Lava Jato II
Vida nababesca

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Enquanto seus inimigos colhem derrotas, a Lava Jato enfrenta críticas, até compreensíveis, de setores da sociedade que estranham as peculiaridades dos acordos celebrados pelos procuradores federais com réus confessos de gordas bandalheiras. Os três mais notórios criminosos condenados levam vidas de nababos em mansões à beira-mar ou na montanha, “suportando” apenas o convívio com tornozeleiras eletrônicas. Juntos, Nestor Cerveró, abrigado em Itaipava (RJ), Paulo Roberto Costa (Barra da Tijuca/RJ) e Sergio Machado (Praia do Futuro/CE) roubaram ou ajudaram a roubar mais de meio bilhão de reais da Petrobras, apropriando-se pessoalmente de boa parte do butim.

Lava Jato III
Gênio do crime

O que contaram sobre seus cúmplices no Congresso e nos governos certamente deve justificar tantas benesses – mas é preciso registrar que naquelas tribos, até agora, ninguém está atrás das grades. Para o contribuinte, o quadro é estranho. Especialmente quando ele sabe, pelo noticiário, que Machado (foto) estava na fila de um cinema em Fortaleza, na quarta-feira, 5. Livre, leve e solto, preparava-se para assistir ao filme “Gênios do crime”

Brasil
Renan na berlinda

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O fatiamento pelo STF da Operação Lava Jato colocou a “Espada de Dâmocles” sobre a cabeça de Renan Calheiros. Precisa o STF decidir de vez a ação ajuizada pela Rede Sustentabilidade (ADPF 402), reconhecida em caráter preliminar, de que pessoas que respondem ou venham a responder ação penal no Supremo não podem assumir ou ocupar cargos cujas atribuições abranja a substituição de Presidente da República. Definida a questão, o Senado pode ter que eleger um novo presidente, como fez a Câmara dos Deputados.

Águas
Público-público ou público-privada?

Com os investimentos em infraestrutura, em especial os de saneamento, eleitos como locomotiva da economia, somada à eficiente superação da crise hídrica de São Paulo e à vitória da dupla Alckmin-Doria no primeiro turno, a Sabesp tem sido procurada por políticos e fundos de investimento do exterior interessados em parcerias. Wilson Santos, que disputa o segundo turno para prefeito de Cuiabá, se vencer quer discutir a possibilidade de a Sabesp assumir o serviço de saneamento do município, hoje nas mãos de uma empresa privada, sob intervenção da prefeitura.

Corrupção
Trinca de ouro

Coordenador das investigações do escândalo do Petrolão no Ministério Público Federal, o procurador Deltan Dallagnol vai estar frente a frente com a diretoria da Petrobras e coligadas, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. Foi convidado para seminário sobre medidas preventivas contra falcatruas, no dia 9 de dezembro, Dia Internacional de Combate à Corrupção. Também falarão Mauro Menezes, presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, e o desembargador federal Fausto De Sanctis, do TRF da 2ª Região – uma espécie de precursor do juiz Sérgio Moro, por sua atuação na Operação Satiagraha.

Cultura
Troféu de batalha

A Presidência da República avalia devolver ao governo paraguaio o canhão “Cristiano”, relíquia da Guerra do Paraguai, que se acha no Museu Histórico Nacional. Há décadas o país vizinho pleiteia a peça. Como está tombado, só Michel Temer tem autoridade para revogar o ato por decreto. Pode haver barulho. Há conselheiros do Iphan contrários à iniciativa.

Justiça
Ação & reação

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Sem ouvir a classe, o presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, pediu à Câmara dos Deputados a retirada de 32 projetos de lei para a criação de cargos e varas de trabalho. A matéria passou por avaliações técnicas na Justiça do Trabalho, no CNJ e teve longa tramitação no Legislativo: cerca de cinco anos. Colheu tempestade. Na sexta-feira 6, um mandado de segurança coletivo foi impetrado no TST contra Gandra, pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho. Foi dada liminar. A briga vai longe.

Rio de Janeiro
Ombro amigo

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Desolada, Maria Claudia Coimbra deixou o apartamento de um amigo, à 1h da madrugada da quinta-feira 29, em Ipanema, e chegou à rua chorando. Subitamente, um carro cortou o seu caminho e dele saiu Dilma Rousseff. – “Que está passando minha filha”, disse a ex-presidente, tentando consolar a produtora cultural. As duas, que nunca haviam se visto, trocaram confidências. Deste encontro restou uma dezena de fotos, registradas pelo motorista da ex-presidente, e a surpresa de Maria Cláudia, que nunca votou no PT, mas achou Dilma “muito humana”. A produtora chorava por ser uma das vítimas da crise econômica do governo petista.

Indústria
Bom começo

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A Fiat/Chrysler cadastrou 3 mil pessoas em 20 dias, interessadas no Jeep Compass – 200 negócios foram fechados antes de os clientes verem o carro. O modelo mundial, apresentado primeiramente no Brasil, feito em Pernambuco, só chegará às concessionárias no início de novembro.

Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil; Marcos Camargo