Uma marcha pró-palestina prevista para sábado (11) em Londres, autorizada pela polícia e contra a orientação do Governo britânico, está gerando uma crise política no Reino Unido e coloca em risco o mandato da ministra do Interior, Suella Braverman.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, desaprovou fortemente a manifestação, organizada por diversas associações para exigir o cessar-fogo na Faixa de Gaza, no final de semana em que o Reino Unido comemora a assinatura do armistício da Primeira Guerra Mundial e relembra os soldados mortos em inúmeros conflitos desde 1914.

Apesar da pressão, a polícia não proibiu o ato, considerando que não apresenta riscos que justifiquem tal medida.

No país em que a independência da polícia é um princípio básico, Braverman provocou, nesta quinta-feira (9), uma nova onda de indignação ao questionar a imparcialidade das forças de segurança em um fórum.

Da ala mais conservadora de seu partido, a ministra já havia qualificado estas manifestações com “marchas do ódio”, denunciando um “padrão duplo” em uma coluna no jornal The Times.

“Os manifestantes de direita e nacionalistas que cometem ataques recebem, com razão, uma dura respostas, mas as multidões pró-palestina que mostram um comportamento quase idêntico são, em grande medida, ignoradas, mesmo quando estão claramente infringindo a lei”, considerou.

Posteriormente, Downing Street admitiu que não havia aprovado a coluna conforme exigem as regras.

Embora um porta-voz de Rishi Sunak tenha garantido que mantinha sua confiança na ministra, este anúncio reavivou as especulações sobre uma demissão iminente de Braverman.

O premiê britânico, por sua vez, afirmou, em repetidas ocasiões, que considera as mobilizações como “provocação e falta de respeito”, destacando ainda o risco de violência à margem do ato.

A Polícia prendeu 188 pessoas nos atos pró-palestina anteriores, que desde 7 de outubro reuniram milhares de pessoas, em geral pacificamente, na capital inglesa.

A crise, que ameaça a autoridade do primeiro-ministro, ocorre em um momento de desvantagem dos conservadores frente aos trabalhistas antes das próximas eleições legislativas, previstas para 2024.

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