Charles Oliveira “do Bronx” é o maior lutador brasileiro em atividade no UFC. Seus números e exibições comprovam isso. Número 1 no ranking dos pesos-leves e o maior finalizador da história da organização (16), vai em busca de recuperar seu cinturão – que, segundo ele, nunca deixou de ser seu – no UFC 280 deste sábado, em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos.

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“O campeão não mudou”, afirma categoricamente Charles do Bronx em todas as oportunidades em que tem de se posicionar e se expressar sobre o assunto, seja em suas redes sociais ou na própria imprensa nacional e internacional. Em maio, no UFC 274, o lutador perdeu seu cinturão na pesagem, antes mesmo de defendê-lo na luta com Justin Gaethje, dos Estados Unidos. No combate, derrotou – por finalização – seu adversário, mas ficou sem o título.

Cinco meses se passaram e Do Bronx se prepara para recuperar seu cinturão contra o russo Islam Makhachev. Oficialmente, é uma luta pelo título que está em aberto na categoria, mas o mundo do MMA continuou considerando o brasileiro como o “verdadeiro campeão”.

Em junho deste ano, um mês após as polêmicas com as pesagens e a Comissão Atlética de Arizona, responsável pela organização do UFC 274, Charles do Bronx conversou com a reportagem do Estadão sobre a recepção de seus companheiros no octógono. “O mundo inteiro sabe, o UFC sabe, a Comissão Atlética sabe e os atletas sabem que o campeão dos pesos-leves não mudou: ele se chama Charles Oliveira, Charles do Bronx. Eles (Comissão Atlética) sabem que houve injustiça comigo e só se afundam mais, a cada nova fala”, afirmou à época.

Ainda em preparação para seu combate contra Makhachev, Do Bronx fez seus últimos ajustes no Guarujá, em São Paulo, cidade onde mora e treina, e repercutiu suas conquistas na vida pessoal e profissional dos últimos meses. Além disso, garante que nunca esteve tão preparado para uma luta como agora.

Com a disputa do título dos pesos-leveS já nesta próxima semana, como você se sente no momento? Tanto no aspecto físico quanto no mental.

Bem para caramba. Estou feliz demais. Quando começa a passar muita provação em nossas vidas é porque Deus já escreveu o que tem de acontecer. Então, de verdade, estou feliz demais. O time e a equipe inteira estão felizes com o camping que nós fizemos ao longo dos últimos meses. Vamos lá em Abu Dabi buscar aquilo que é nosso e continuar como campeão do UFC.

Sobre essa luta, na última vez em que você conversou com o EstadãO, o seu rival ainda estava indefinido. Você queria o McGregor, pela repercussão e dinheiro que o combate traria. Como foi o processo para o UFC decidir pelo Makhachev? Se sentiu forçado pela organização?

Na realidade, não tem muito como a gente escolher o adversário. Eu sou empregado do UFC, quem eles quiserem colocar para lutar contra mim eles vão colocar. A negociação foi boa, tanto para mim quanto para o UFC. Não tem como eu dizer que fui forçado nem nada. Eu sou empregado, quem eles colocarem para lutar comigo vou ter lutar e pronto. A proposta inicial que me foi oferecida não foi a ideal, mas aceitaram a minha contraproposta. O UFC sempre me tratou muito bem, são 12 anos na organização e todas as negociações foram boas para todos os lados.

E sobre seu adversário? Aliado do Khabib, quais os pontos fortes, fracos e o tamanho do desafio de enfrentar o Makhachev, em ascensão no UFC?

Vai ser uma grande luta. O Makhachev merece todo o respeito do mundo, pela sequência gigantesca de vitórias que possui no UFC, mas vamos falar de balança: coloca os meus números, minhas vitórias em comparação com as dele e vê quais pesam mais. Ele é um lutador que busca o combate no chão, coloca os adversários para baixo, mas nunca lutou com um cara que tem o jiu-jítsu como o meu. Vamos ver quem é melhor no dia 22.

Sua luta no UFC 280 é importante. Por mais que você se considere o campeão legítimo do peso-leve, o título está em aberto para a organização. No mundo do MMA e entre os lutadores, as opiniões estão divididas entre quem seria o favorito no combate – McGregor aposta em você. Como é para você estar no meio dessa pressão?

É um jogo muito louco, essa atmosfera e a luta em si. O que eu penso: tenho de manter minha cabeça no lugar. Grandes pessoas vão torcer por mim, assim como outras vão ficar contra. É um jogo de opinião, cada um tem a sua e aposta seu dinheiro – ou qualquer outra coisa que tiver. Fico feliz por aqueles que apostam em mim. É bom ser um “azarão” porque assim nós ganhamos ainda mais dinheiro e eu “calo a boca” de muita gente.

E qual o recado que deixaria para o Makhachev antes do combate?

Que ele venha pronto para a luta, porque estou mais do que preparado. Em toda a sua carreira, ele nunca enfrentou um lutador como eu. Ele merece todo o respeito do mundo, mas quem está indo enfrentá-lo no octógono é o Charles Oliveira do Bronx, então ele tem de tomar cuidado.

Nos últimos dias, alguns dos seus preparadores contaram que viram mudanças no seu treinamento durante o camping. O que realmente mudou?

Eu venho de uma sequência gigantesca de vitórias e entendi que o ideal não é para o nosso adversário, mas sim para nós mesmos. Mais uma vez quero levar para o octógono um Charles agressivo, um Charles que só anda para frente e que procura a vitória o tempo inteiro. Quando esse cenário ideal acontece, é muito difícil me parar. Estou pronto mentalmente, fisicamente e espiritualmente para o meu jogo. Não penso no que o meu rival vai trazer, mas sim nas minhas armas para que me saia melhor dentro do “queijo”.

Voltando à situação da perda do cinturão na balança, seu posicionamento já está bem claro, mas e quanto ao UFC? O que foi dito a você, algum pedido de desculpas ou retratação?

O UFC até se desculpou, mas o mais importante é: a decisão não vai voltar atrás, não vai mudar nada. O campeão dos pesos-leves é Charles de Oliveira e todo mundo sabe disso. O cinturão está vago e a decisão não será revertida. Eu fui roubado, e vou falar durante a minha vida inteira, pela Comissão Atlética do Arizona, mas não vai voltar atrás, não tem o que fazer. Vida que segue porque esse episódio já passou.

Agora sobre sua carreira fora dos octógonos. No último mês, você foi homenageados por sua carreira no “Set Charles do Bronx”, single com a participação de diversos MC’s. Como é para você receber, ainda no auge, essa honra?

O sentimento é de gratidão e felicidade o tempo inteiro com essas coisas acontecendo na minha vida. Sempre sonhei em ser reconhecido, sempre sonhei em estar nesse meio. Ter um set seu, cantado por grandes cantores que estão nesse meio artístico há muito tempo, é algo indescritível. O resultado ficou muito legal e fiquei muito feliz. A música conta do meu dia a dia, da minha vida. Tudo que passei e os obstáculos que venci estão representados na música. Só tenho a agradecer a todos que participaram da produção desse set maravilhoso.

Durante seu último camping, você registrou nas redes momentos ao lado de seus amigos e fãs nos treinamentos. Ainda que não seja raro, não são todos os lutadores que compartilham esses momentos na internet. Por que com você é diferente?

Não quero mudar nada da forma como cheguei e onde estou hoje, da forma que alcancei a minha posição no UFC. Eu quero continuar perto dessas pessoas que sempre gostaram e estiveram perto de mim. Esse é o mais importante, estar perto de quem você confia e que me ajudam no dia a dia.

José Aldo se despediu do UFC, Maurício Shogun e Glover Teixeira podem fazer suas últimas lutas em breve. A cada dia que passa, você se torna a maior referência para a próxima geração. O que esse cenário significa?

É tudo uma questão de época e momento. Esses nomes marcaram a história da organização e eu respeito isso. Assistindo aos combates deles que aprendi e melhorei minha luta. Todos eles precisam ser aplaudidos de pé e lembrados a todo momento. Eu não tenho de sentir o peso ou a responsabilidade de ser o grande nome do UFC brasileiro, mas sim continuar esse legado do País. Daqui a alguns anos, vou parar e terão outros para assumir essa responsabilidade de levar a nossa bandeira para todos os lugares do mundo. Desses que estão surgindo, destaco o Alex Poatan, que vai brigar em breve pelo cinturão, o Daniel “Willycat”, que acabou de fazer a reviravolta do ano na minha opinião. O mais importante é que eles, e tantos outros que vão surgir nos próximos anos, estejam tranquilos. Não sejam “afobados”, eu mesmo já vi muitos que erraram nesse aspecto e capotaram quando chegaram ao octógono. Pé no chão que as coisas vão dar certo.

O vice-presidente do UFC afirmou na última semana que 2023 será o ano do MMA no Brasil. Com o retorno da categoria para a TV aberta, como é ser um dos “heróis” brasileiros na organização?

O fato do UFC ir para a televisão aberta é, com certeza, um momento importante para nós atletas e para o mundo do MMA. Estamos contentes, mas temos de continuar focados para fazer história. O povo brasileiro merece essa volta do UFC para o País no dia 21 de janeiro. A verdade é que estou mais ansioso para o UFC no Brasil em janeiro do que a minha luta contra o Makhachev. Quem sabe se estarei presente no Rio em janeiro?

Confira o card completo do UFC 280:

CARD PRINCIPAL

Cinturão peso-leve: Charles Oliveira x Islam Makhachev

Cinturão peso-galo: Aljamain Sterling x TJ Dillashaw

Peso-galo: Petr Yan x Sean O’Malley

Peso-leve: Beneil Dariush x Mateusz Gamrot

Peso-mosca: Katlyn Chookagian x Manon Fiorot

CARD PRELIMINAR

Peso meio-médio: Belal Muhammad x Sean Brady

Peso-médio: Makhmud Muradov x Caio Borralho

Peso meio-pesado: Volkan Oezdemir x Nikita Krylov

Peso-pena: Zubaira Tukhugov x Lucas Almeida

Peso meio-médio: Abubakar Nurmagomedov x Gadzhi Omargadzhiev

Peso-médio: Armen Petrosyan x AJ Dobson

Peso-mosca: Muhammad Mokaev x Malcolm Gordon

Peso-galo: Karol Rosa x Lina LansbergC

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