O chefe negociador do governo da Colômbia nos diálogos com a guerrilha das Farc, Humberto de la Calle, disse em entrevista publicada nesta segunda-feira (11) que se o povo votar por não referendar os acordos de paz, o processo terminaria sem resultados.

“Se o povo disser que não, o processo terminará e não haverá resultados”, declarou De la Calle em uma entrevista publicada pelo jornal El Tiempo, referindo-se aos hipotéticos resultados do plebiscito proposto para que os cidadãos aprovem ou rejeitem o acordo de paz que será assinado pelas partes.

“Se o ‘não’ ganhar, teremos perdido, entre aspas, ‘quatro anos da nossa vida'”, avaliou.

O funcionário recordou que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que em caso de os acordos serem rechaçados nas urnas, “o processo terá terminado” com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas). Ele teve início em 2012 em Cuba para pôr fim a mais de meio século de conflito armado.

No dia 23 de junho, o governo e as Farc selaram as condições da entrega das armas pelos rebeldes e o cessar-fogo bilateral, que entrará em vigor uma vez assinado o acordo definitivo de paz.

Além disso, estabeleceram que o pacto final que assinarem deverá ser referendado pelos colombianos mediante o mecanismo de decisão da Corte Constitucional, que atualmente estuda um projeto de lei para a realização de um plebiscito sobre o acordo de paz.

“O que me parece ser fundamental é que as pessoas irão poder votar e tomar a sua decisão”, acrescentou.

De la Calle qualificou como “situação extremamente preocupante” a declaração formulada na semana passada por uma Frente da guerrilha que se opõe aos acordos de Havana, mas destacou que a “impressão” durante as negociações é que “a dirigência das Farc tem comando e controle” sobre sua tropa.

“Não seria a primeira vez que em um acordo haja algum tipo de facção rebelde. Isso não é tão diferente como parece, o que não justifica torná-lo algo secundário. É extremamente sério, grave”, apontou.

A Colômbia vive um conflito armado envolvendo guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado que já deixou 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.