O governo e várias autoridades da Colômbia manifestaram nesta sexta-feira (6) seu descontentamento com um relatório do Comitê da ONU contra o Desaparecimento Forçado, segundo o qual há 20 mil corpos de desaparecidos sem identificação em um aeroporto de Bogotá.
Na quinta-feira, o comitê afirmou que “em um hangar do aeroporto de Bogotá […] atualmente estão armazenados cerca de 20 mil corpos não identificados”.
O informe gerou desconforto no governo, na prefeitura da capital e entre as autoridades responsáveis pela busca e identificação de desaparecidos.
“É uma afirmação muito grave e não verificada, diante da qual a opinião pública merece transparência”, escreveu na rede social X o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo.
O Executivo, acrescentou Cristo, pediu “clareza” à ONU por meio de seu relator para a Colômbia.
Até o momento, o comitê não especificou a fonte dessa informação. Também não esclareceu a qual aeroporto se refere.
O embaixador da Colômbia na ONU, Gustavo Gallón, indicou que os autores do texto lhe disseram que receberam “informações confiáveis” de “uma entidade estatal”.
Este é um tema sensível em um país que registra pelo menos 100 mil desaparecidos durante mais de 60 anos de conflito armado.
“A prefeitura de Bogotá não tem informação sobre essa afirmação do informe”, declarou o prefeito Carlos Fernando Galán em uma coletiva de imprensa.
“É muito importante que as Nações Unidas e, neste caso, a missão que veio à Colômbia prestem o suporte para poder fazer essa afirmação”, acresentou.
Diante das reclamações, o enviado especial da ONU na Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, desvinculou o grupo de autores do relatório da organização: “Não representam nenhuma entidade das Nações Unidas.”
“Trata-se de um comitê de especialistas que tudo o que fazem […], fazem de forma individual”, disse Ruiz Massieu à Caracol Noticias. Por isso, pediu aos autores que “esclareçam” essas informações e, caso necessário, “as retifiquem.”
As duas principais autoridades responsáveis pela busca e identificação de desaparecidos na Colômbia, a UBPD e a Medicina Legal, também questionaram o informe do comitê da ONU.
Em entrevista à W Radio, Gallón pediu que as autoridades colombianas e a imprensa diminuam “o tom da discussão”.
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