De Bogotá, Colômbia (*)

Com população de 51 milhões de pessoas e PIB de US$ 343 bilhões em 2022, a Colômbia é a terceira maior economia da América do Sul – atrás apenas de Brasil e Argentina – e é sede de empresas com forte atuação também em países próximos, como Equador, Peru, Venezuela, Guatemala e México. Na semana passada, visitamos seis empresas de diferentes segmentos nas cidades de Medellín e Bogotá para conhecer as experiências destes negócios com aplicações na nuvem. Em comum, muitas das empresas citaram a facilidade para acessar novas tecnologias e a flexibilidade como razões para adotar soluções de cloud.

Uma das empresas visitadas foi a Ramo, fabricante de bolos, biscoitos, pães e outros produtos alimentícios com 3 mil funcionários e atuação na Colômbia e em mais 14 países. A empresa tem 73 anos e teve gestão familiar até o ano de 2018. Naquele ano, a Ramo contratou o executivo mexicano Bernardo Gámez, com 30 anos de experiência de mercado, para comandar os negócios da empresa.

Gámez, da Ramo: nuvem como apoio para inovação e parcerias com marcas globais (Crédito:André Cardozo)

“A Ramo já tinha uma marca muito forte na Colômbia, e produtos muito populares. Mas a cultura interna era muito fechada, e uma de nossas iniciativas foi abrir as portas da empresa para adotar inovações do mercado”, disse Gámez em encontro com jornalistas. Sob o comando do executivo, a Ramo iniciou um programa de visitas às suas fábricas, inaugurou um espaço aberto voltado para crianças e criou programas de parcerias com universidades e hackatons. A companhia também fez colaborações com marcas como Kellogs e McDonald´s para o desenvolvimento de novos produtos.

Na parte tecnológica, uma das apostas foi o uso de ferramentas cloud da plataforma SAP. A empresa atualmente usa o Datasphere e o SAP Analytics Cloud, ferramentas de análise de dados que rodam na nuvem. A migração serviu como ponto de apoio para várias iniciativas de transformação digital da empresa. Uma delas está na criação de novos tipos de salgadinhos e doces, com base em dados de mercado e de pesquisas dos consumidores. “Atualmente, para um produto muito inovador e diferente do que temos, levamos cerca de 10 meses desde a ideia até o lançamento no mercado. Parte deste prazo se deve à aquisição de novas peças e máquinas para linhas de produção. Após a pandemia houve problemas de supply chain que dificultam a aquisição de maquinário”, explicou Gámez.

Já a Ponto Hair Club – rede de salões de beleza e venda de produtos para cabelos – é um exemplo de empresa de porte médio que está aprofundando sua jornada na nuvem. A companhia tem 24 salões na Colômbia e atualmente emprega 130 pessoas. Fundada em 2016, a companhia saiu de um faturamento de US$ 720 mil naquele ano para US$ 10 milhões em 2022.

Em outubro, a companhia vai começar a usar uma solução de ERP da SAP baseada em nuvem, o S/4HANA Public Cloud. “Já usávamos uma solução em nuvem para gestão da companhia, mas era uma solução mais simples e começamos a ter problemas com dados inconsistentes entre as filiais. Também acabamos usando outros sistemas para complementar a solução principal, o que complicava a gestão. Por isso optamos por passar para uma solução mais sofisticada”, contou Marcela Villa, fundadora e CEO da Ponto Hair Club.

Especializada na produção de ração para animais domésticos e de fazendas, a Solla migrou toda sua estrutura de SAP para a nuvem nos últimos anos, incluindo ERP e ferramentas de análise de dados. “Essa migração facilitou a integração com novas tecnologias, como ferramentas de IA e IoT”, explicou aos jornalistas Carlos Londoño, CIO da Solla. Entre outras aplicações, a empresa usa sensores para monitorar níveis de grãos e temperaturas em seus silos. A empresa também tem projetos de usar o ChatGPT para criar um assistente interno na empresa, que responderá questões de funcionários a partir da análise de documentos.

SAP aposta tudo na nuvem

No SAP Forum realizado em Bogotá, a SAP reforçou que as aplicações em nuvem são o futuro da empresa e de seus clientes. Em conversa com jornalistas, Cristina Palmaka, presidente da SAP para a América Latina, ressaltou que mesmo clientes que usam os produtos da empresa em modo on-premise estão sendo estimulados a migrar para a nuvem.

“Os produtos on-premises são seguros e confiáveis. Entretanto, o cenário tecnológico mudou muito, e atualmente esses produtos não têm mais acesso a inovações como ferramentas de Inteligência Artificial, por exemplo. E isso claramente impacta o negócio dessas companhias. Por isso, somos muito enfáticos com todos os clientes no sentido de estimular a migração para a nuvem o quanto antes”, explicou a executiva.

* O jornalista viajou a convite da SAP