O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, negou que o Peru tenha jurisdição sobre uma ilha no rio Amazonas localizada na fronteira entre os dois países, ao participar nesta quinta-feira (7) de atos de celebração da independência colombiana na cidade de Leticia.
Colômbia e Peru mantêm uma disputa histórica sobre a linha de fronteira no rio Amazonas, que muda seu leito com frequência e cria novas ilhas. Lima defende que a de Santa Rosa está em seu território e que seus habitantes são peruanos.
Em junho, o Peru oficializou a criação de um novo distrito em Santa Rosa e enviou funcionários públicos para a região. A Colômbia protestou e exigiu uma negociação bilateral para definir a soberania insular.
“A Colômbia não reconhece a soberania do Peru sobre a chamada ilha de Santa Rosa e desconhece as autoridades de fato impostas na região”, disse Petro hoje.
A dinâmica hidrológica do rio Amazonas torna a demarcação da fronteira complexa. Segundo um tratado bilateral assinado em 1922, a divisão territorial se estabelece no ponto mais profundo do rio.
As diferenças entre o esquerdista Petro e sua contraparte peruana de direita, Dina Boluarte, são antigas. Petro, que apoia o antecessor de Dina Pedro Castillo – destituído e preso por tentativa de dissolver o Congresso – acusa o Executivo peruano de violação dos direitos humanos.
A redução do leito do rio Amazonas nos últimos anos preocupa especialistas colombianos, que alertam que o país pode perder o acesso direto ao rio. O fenômeno teria um impacto negativo em Leticia, capital amazônica e importante porto comercial colombiano.
Petro advertiu hoje que levará o caso à Justiça internacional se o Peru não concordar com a mediação. A maioria dos habitantes de Santa Rosa é peruana e defende a ilha como tal.
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