O governo da Colômbia e o ex-número dois da ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Iván Márquez, que retomou as armas após assinar o acordo de paz em 2016, vão iniciar novas negociações, conforme documento oficial divulgado nesta sexta-feira (9).

O texto de 11 pontos assinado pelas partes anunciou o início de “um processo de diálogos sociopolíticos para conduzir à assinatura de um acordo de paz entre o Governo da Colômbia e a organização rebelde armada Segunda Marquetalia”, criada por Márquez em 2019 após voltar à clandestinidade.

As partes também se comprometeram a “desenvolver imediatamente acordos prévios para a desescalada do conflito e a implementação de transformações para a construção social e ambiental do território”.

O presidente Gustavo Petro, o primeiro esquerdista no poder na Colômbia, está empenhado em uma solução negociada para seis décadas de conflito armado e mantém negociações com a maioria das organizações do país.

Mas a Segunda Marquetalia, com cerca de 1.663 membros segundo a inteligência militar e considerada a ala dura das dissidências, permaneceu à margem.

O retorno de Márquez às armas em 2019 foi um dos golpes mais fortes no processo de paz que reintegrou cerca de 7.000 combatentes das Farc à vida civil.

Outros líderes, com quem ele apareceu em um vídeo na época portando fuzis e anunciando uma nova rebelião armada, caíram mais tarde nas mãos de homens armados na Venezuela.

Márquez foi vítima de um ataque naquele país em 2022, segundo informações da imprensa.

Em julho do ano passado, a mídia local especulou sobre sua morte, mas o então comissário de paz Danilo Rueda negou essa versão.

O anúncio acontece durante uma visita oficial do Conselho de Segurança das Nações Unidas à Colômbia, para apoiar a implementação do acordo histórico de 2016 e apoiar as novas tentativas do governo de negociar a paz com outros grupos armados.

Estudos independentes indicam que a Segunda Marquetalia mantém confrontos com outros rebeldes das antigas Farc pelas rotas do tráfico de drogas.

O governo anterior de Iván Duque (2018-2022) ofereceu então recompensas de 880 mil dólares (4,3 milhões de reais na cotação atual) por cada um dos membros da Segunda Marquetalia.

A Colômbia vive um conflito armado que em mais de meio século deixou 9,5 milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas.

lv/das/db/tt/fp/aa