Colômbia e Clã do Golfo concordam no Catar continuar negociações

O governo colombiano e o Clã do Golfo, o maior cartel de narcotráfico do país, concordaram nesta sexta-feira (5), no Catar, em continuar as negociações destinadas a um possível desarmamento do grupo paramilitar e à pacificação dos territórios que controla.

O Clã do Golfo é uma organização do narcotráfico de origem paramilitar que se autodenomina Exército Gaitanista da Colômbia (EGC), responsável pelo envio anual de centenas de toneladas de cocaína aos Estados Unidos e à Europa a partir da Colômbia, segundo a inteligência militar do país.

O grupo, composto por 7.500 membros, representa um dos principais desafios de segurança enfrentados pelo governo de esquerda da Colômbia. As duas partes iniciaram um processo de diálogo para alcançar uma desmobilização em troca de benefícios judiciais e garantias de segurança.

Desde que assumiu o mandato em 2022, o presidente colombiano Gustavo Petro tenta negociar o desarmamento dos diferentes grupos armados que continuam atuando no país após o acordo de paz de 2016 com a extinta guerrilha das Farc.

O Clã do Golfo se considera um grupo político e reivindica receber tratamento semelhante ao dado às guerrilhas e aos paramilitares.

“Colômbia escolhe a paz dialogada e agradece a todas as nações que nos acompanham neste caminho”, declarou a representante do governo, Águeda Gómez, antes da assinatura.

O acordo, chamado “Compromissos de Paz em Doha”, contou com a mediação de Catar, Noruega, Suíça e Espanha.

Os mediadores explicaram que o compromisso assinado tem duas partes.

A primeira trata da produção de drogas e do recrutamento de adolescentes e crianças pelo Clã do Golfo em 15 territórios.

A segunda busca reintegrar à sociedade as crianças usadas como soldados.

“Este processo evidencia o compromisso do Estado-Maior Conjunto (…) com a paz nos territórios, com as pessoas privadas de liberdade em presídios nacionais e internacionais pertencentes ao Exército Gaitanista da Colômbia, assim como com a construção de uma sociedade baseada na convivência pacífica”, afirmou o representante do grupo, Luis Armando Pérez Castañeda, em comunicado.

“Esta declaração representa um passo adiante rumo ao desarmamento (…) e à construção da paz”, indicou por sua vez o chefe negociador do Catar, Mohamed Al Julafi, que ponderou que ainda restam “muitos obstáculos” a superar.

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