A Colômbia iniciará nesta semana a fumigação de narcocultivos com o herbicida glifosato a partir de drones em baixa altitude, informou o governo na segunda-feira (22), em meio à pressão dos Estados Unidos para que o país endureça suas políticas contra o tráfico de drogas.
Por recomendação do Ministério da Saúde e por ordem da Justiça, o país sul-americano suspendeu em 2015 a pulverização de glifosato por aviões agrícolas devido aos danos à saúde humana e às fontes de água.
A nova medida prevê que os drones voem a uma altura máxima de 1,5 metro sobre a planta de coca e realizem uma aspersão “controlada” para evitar que o produto químico afete populações ou ecossistemas, afirmou em entrevista coletiva o ministro interino da Justiça, Andrés Idárraga.
As comunidades são contrárias ao glifosato por temores em relação à saúde e porque ele destrói cultivos legais. Elas também denunciaram malformações após as aspersões.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o possível efeito cancerígeno do herbicida.
O anúncio ocorre no momento em que Colômbia e Estados Unidos vivem seu pior momento, após décadas de cooperação no combate às drogas.
Washington retirou do país o certificado de aliado no combate ao narcotráfico e sancionou o presidente Gustavo Petro com duras medidas, por considerar que ele é indulgente com grupos armados que produzem cocaína.
A fumigação ocorrerá em redutos do narcotráfico onde as organizações armadas “estejam forçando os camponeses a plantar folha de coca”, indicou Idárraga.
Petro, que sempre criticou o uso do glifosato quando era senador de oposição, mudou sua política a oito meses de deixar o poder, no momento em que a Colômbia bate recordes desse tipo de cultivo.
Idárraga afirmou que todos os trâmites estão em andamento para que, “no mais tardar na quinta ou na sexta-feira, a Polícia Nacional já inicie essas operações no país”.
O ex-presidente Iván Duque (2018-2022) tentou retomar a pulverização aérea do herbicida, mas a Corte Constitucional impediu a medida em decisão favorável às comunidades camponesas, negras e indígenas que haviam apresentado ações judiciais.
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