O governo colombiano afirmou nesta quinta-feira (9) que avalia a possibilidade de concentrar as organizações armadas em zonas especiais, enquanto avançam as negociações de paz, com as quais aspira extinguir meio século de conflito interno.
“A concentração é o mecanismo mais eficaz para impedir que continuem as atividades criminosas. Se a vontade é deter efetivamente essas atividades, as organizações devem aceitar a concentração”, disse o ministro da Defesa, Iván Velásquez, em entrevista à Blu Radio.
O presidente Gustavo Petro, primeiro esquerdista a governar a Colômbia, promove uma política de “paz total” com a qual busca desarmar rebeldes, narcotraficantes e membros de gangues.
No poder desde agosto, o presidente ainda não detalhou as regras que definirão cada um dos processos de desmobilização.
“O mais provável é que (a concentração) seja em diferentes áreas de acordo com os espaços que essas organizações ocuparam historicamente”, disse Velásquez, mas ainda “é uma questão de discussão” sem nada definido.
O narcotráfico e a violência continuaram após o acordo de paz assinado com a guerrilha das Farc em 2016.
Petro retomou em novembro os diálogos que seu antecessor havia interrompido com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha reconhecida no país. Em 13 de fevereiro, as partes iniciarão um segundo ciclo de conversas no México, após as negociações em Caracas.
O governo também iniciou uma aproximação com o Estado-Maior Central, facção dissidente das Farc que abandonou o acordo de paz.
Com este grupo, o governo assinou um “protocolo” que prevê a entrega de coordenadas para evitar “confrontos” com o Exército.
“O Estado-Maior Central deve fornecer as localizações, as coordenadas gerais, dos lugares que tradicionalmente ocupam (…) e esses espaços não podem coincidir com trânsito de drogas, laboratórios”, porque a força pública continuará combatendo o tráfico de drogas, especificou o ministro Velásquez em uma coletiva de imprensa.
O governo de Andrés Pastrana (1998-2002) desmilitarizou 42 mil km² na região de Caguan (sul) durante uma negociação fracassada com as Farc, da qual os rebeldes aproveitaram para se fortalecer.
A política de “paz total” tem sido alvo de críticas da oposição, que a considera uma “apologia ao crime e à impunidade”.
A Colômbia vive um conflito armado que em seis décadas deixou nove milhões de vítimas, a maioria deslocadas. A cocaína, o combustível da violência, atinge recordes históricos no maior país produtor desta droga do mundo.
lv/cjc/am