Um ano e meio depois do início da guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Russo (CON) foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), nesta quinta-feira (12), por ter colocado sob sua autoridade cinco organizações regionais ucranianas.

Esta nova sanção contra a Rússia se soma à proibição de realização de competições internacionais em território russo e de Belarus, assim como o uso de qualquer símbolo oficial dos dois países em eventos esportivos.

A decisão também priva o CON, automaticamente, de financiamento do COI, mas não tem consequências em uma eventual presença de atletas russos sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e dos Jogos de Inverno de Milão-Cortina 2026, algo que será decidido “no momento apropriado” e “mais perto dos Jogos”, afirmou o porta-voz Mark Adams.

Para a entidade olímpica, que mudou a ordem do dia de seu comitê executivo e renunciou à análise do programa esportivo dos Jogos de Los Angeles 2028, trata-se de aplicar sanções à “violação”, por parte da Rússia, da “integridade territorial” defendida pela Carta Olímpica, acrescentou Adams.

No dia 5 de outubro, o CON integrou, “unilateralmente”, entre seus membros diversas organizações esportivas de províncias ucranianas do leste do país (Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia) ocupadas pelo Exército russo.

– Uma decisão política –

Após o anúncio do COI, o Comitê Olímpico Russo denunciou o que chamou de decisão “política” e “contraproducente” da mais alta entidade olímpica.

“O COI tomou uma nova decisão contraproducente e claramente por uma motivação política”, reagiu o comitê russo, em seu canal no Telegram.

Lembrou, ainda, que “os atletas russos, cuja maioria ainda está injustificadamente excluída das competições internacionais, não se veem, de forma alguma, afetados por essa decisão”.

O governo ucraniano reagiu na sequência, celebrando a decisão.

“Todos deveriam respeitar a integridade territorial das nações e a Carta das Nações Unidas”, declarou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

“Se alguém na Rússia acredita que pode usar o esporte e o movimento olímpico como uma arma, isso não funcionará em absoluto”, acrescentou Zelensky, que também agradeceu “a todos os que defendem os princípios do Olimpismo”.

O COI mantém sob sanção o esporte russo e bielorrusso desde que, no final de fevereiro de 2022, o Exército russo invadiu a Ucrânia. O ato foi considerado uma violação da trégua olímpica durante os Jogos de Inverno de Pequim 2022. Nesse sentido, recomendou-se às federações internacionais a proibição de todas as competições em território russo, assim como a presença de qualquer símbolo oficial da Rússia, seja o hino, seja a bandeira.

– Suspense para os Jogos Olímpicos –

Mas a posição do COI a respeito da participação de atletas russos e bielorrussos (por serem aliados de Moscou) em competições internacionais mudou. Passou da exclusão, em fevereiro de 2022, para a possibilidade de reingresso, decidida em março deste ano. As condições para essa participação são que isso ocorra em provas individuais, os atletas compitam sob bandeira neutra e não tenham apoiado “ativamente a guerra na Ucrânia”.

A maioria das federações internacionais seguiu as instruções do órgão, cada uma de acordo com seu calendário, com exceção da Federação Internacional de Atletismo, um dos principais esportes olímpicos.

Desde março, porém, o COI dissociou a reintegração de russos e bielorrussos ao esporte mundial de sua presença nos Jogos de Paris e de Milão-Cortina, dado que o cenário olímpico provoca uma atenção global que o torna mais exposto politicamente.

E nesse ponto, a exclusão do CON nesta quinta-feira deixa o futuro incerto: o COI decidirá “mais à frente” e na data que considerar oportuna, reiterou Mark Adams.

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