O Comitê Olímpico Internacional (COI) retirou as credenciais de dois treinadores bielorrussos e pediu-lhes para deixar a Vila Olímpica por suposta tentativa de obrigar a atleta Krystsina Tsimanouskaya a voltar para seu país – informou a entidade esportiva nesta sexta-feira (6).

O COI informou que retirou as credenciais dos treinadores bielorrussos Artur Shimak e Yury Maisevich e que os dois abandonaram a Vila Olímpica.

A entidade informou esta semana que estava investigando os técnicos por seu papel no caso da velocista Tsimanouskaya, de 24 anos, que buscou proteção para evitar ser forçada a voltar para seu país.

A atleta disse temer por sua vida se tivesse de retornar para Belarus, sacudida por um levante político e uma dura repressão a dissidentes depois das contestadas eleições do ano passado que mantiveram no poder o homem forte do país, Alexander Lukashenko.

Tsimanouskaya viajou na quarta-feira (4) para a Polônia, que concedeu a ela um visto humanitário.

Comandado por um dos filhos do presidente Lukashenko, o Comitê Olímpico de Belarus reagiu nesta sexta-feira, afirmando que está preparado para defender sua delegação das “discriminações”.

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O comitê bielorrusso destaca que a punição do COI é “provisória” e que “o procedimento continua”. “Estamos abertos à continuidade do diálogo e colaboramos de maneira estreita com o COI para explicar todas as circunstâncias da decisão tomada”, afirmou.

O COI informou que os dois técnicos “terão a oportunidade de serem ouvidos”, mas retirou suas credenciais “no interesse do bem-estar dos atletas de Belarus que ainda estão em Tóquio”.

– “Escândalo político” –

Os problemas da velocista, que estava inscrita nas provas de 100m e 200m nos Jogos de Tóquio, começaram depois que ela publicou no Instagram críticas aos treinadores que a incluíram, sem consulta, na equipe do revezamento 4x400m.

Em uma entrevista na quinta-feira em Varsóvia, ela afirmou que ficou “surpresa com a situação ter virado um escândalo político, porque começou como um tema esportivo”.

“Quero apenas continuar minha carreira esportiva”, declarou Tsimanouskaya.

Tsimanouskaya é uma das muitas pessoas que denunciaram de maneira pública desde agosto de 2020 a violenta repressão dos protestos após a reeleição de Lukashenko. Milhares de dissidentes foram detidos, ou partiram para o exílio desde então.

No poder desde 1994, Lukashenko foi alvo de condenação internacional em maio, quando determinou que um caça interceptasse um voo da Ryanair que viajava entre Grécia e Lituânia para deter um dissidente que estava a bordo.

Belarus tem problemas com o COI desde o ano passado. Lukashenko e seu filho foram vetados dos eventos olímpicos por assédio aos atletas por suas opiniões políticas.

Pouco antes dos Jogos de Tóquio, Lukashenko advertiu as autoridades esportivas e os atletas bielorrussos que esperava por bons resultados nas competições.

“Pensem antes de ir. Se retornarem sem nada, melhor que não voltem”, afirmou.


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