O Comitê Olímpico Internacional (COI) recebeu nesta semana um pedido para a exclusão das provas que envolvam cavalos nos Jogos Olímpicos. A solicitação foi feita pela ONG Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético de Animais) e é motivada por casos de maus-tratos sofridos pelos animais na Olimpíada de Tóquio. O principal deles envolveu a treinadora Kim Raisner, da equipe alemã do pentatlo moderno.

A pentatleta Annika Schleu, da Alemanha, despontava como favorita ao ouro. Porém, na prova de hipismo, não conseguiu saltar com o cavalo Saint Boy, que já havia recusado prosseguir a atividade com a russa Gulnaz Gubaydullina, campeã mundial em 2017. Nas provas de saltos do pentatlo moderno, os competidores não têm conhecimento prévio sobre o animal que usarão, restando apenas 20 minutos antes do início da prova para conhecer e se adaptar ao cavalo.

Diante do problema e consequente fracasso em terminar os saltos, Annika Schleu se desesperou, sendo fotografada aos prantos e vista por alguns dando chicotadas em excesso no cavalo. Descontente, sua treinadora Kim Raisner agrediu Saint Boy com um soco. Ela foi expulsa da Olimpíada e do quadro da União Internacional do Pentatlo Moderno (UIPM) e denunciada, junto à pentatleta, por crueldade com os animais e cumplicidade a atos cruéis pela Associação Alemã para a Proteção dos Animais (Deutscher Tierschutzbund).

“O mundo ficou chocado quando a competidora alemã, visivelmente irritada, Annika Schleu, foi filmada esporando e chicoteando o cavalo Saint Boy depois de ele se recusar a entrar no percurso. A treinadora de Schleu, Kim Raisner, foi então flagrada agredindo o cavalo. Ela foi corretamente expulsa da Olimpíada, mas multas e suspensão não são o suficiente para proteger os cavalos de treinadores que cometam agressões similares”, afirma trecho do pedido enviado ao COI. “Os Jogos Olímpicos são notórios por atletas humanos, não pela habilidade de aterrorizar e machucar cavalos que não escolheram competir e ao mesmo tempo fazem todo o trabalho, algumas vezes custando suas vidas”, complementa Ingrid Newkirk, presidente da ONG.

A UIPM promete revisar a prova de hipismo do pentatlo moderno. Com a mudança programada para os Jogos de Paris-2024, em que a modalidade sofrerá uma drástica redução no tempo de suas atividades, observa-se ambiente propício para novas mudanças. A diminuição do circuito dos saltos e redução da altura dos obstáculos estão no radar.

Além do problema observado na disputa do pentatlo moderno, outras duas situações levantaram questionamentos ao longo dos Jogos na capital japonesa. O primeiro foi na prova de cross country, no CCE (Concurso Completo de Equitação), em que Jet Set, montado pelo cavaleiro suíço Robin Godel, sofreu uma ruptura de ligamento, perto do casco do membro inferior direito – lesão considerada irreversível – e foi sacrificado. Mais tarde na prova individual de saltos do hipismo, o cavalo Kilkenny teve um sangramento na narina, mas o irlandês Cian O’Connor prosseguiu na prova. Dois dias depois, na prova por equipes, o cavaleiro voltou a usar o animal e sofreu uma queda.

O hipismo compõe o programa olímpico desde a segunda edição na era moderna, em Paris-1900. A Alemanha é o país com mais conquistas da modalidade, somando 28 ouros, 14 pratas e 14 bronzes. O Brasil já conquistou um ouro e dois bronzes.