Menos de um mês antes do início da disputa dos Jogos Olímpicos do Rio, o presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), Sebastian Coe, afirmou nesta quinta-feira, em Amsterdã, palco do Campeonato Europeu da modalidade, que a informante russa Yulia Stepanova é um exemplo a ser seguido para que outros atletas denunciem casos de doping.

Há mais de um ano, a corredora russa ajudou a revelar o escândalo de doping em seu país quando ela e seu marido, um ex-funcionário da agência antidoping da Rússia, recolheram evidências sobre como funcionava o esquema ilegal praticados para beneficiar atletas da nação, sendo que este foi o maior esquema já conhecido de doping a ser promovido por um governo.

“É uma oportunidade de ouro, que talvez não volte a acontecer, para que nosso esporte aproveite este momento. Este é um momento histórico”, afirmou Coe, em entrevista coletiva, na qual depois completou: “Eles (atletas) estão lá, do lado da pista, estão em grupos de treinamento. Eles conhecem os treinadores que não têm integridade. Podem nos ajudar, e isso é muito importante”.

Na última quarta-feira, a corredora competiu no Campeonato Europeu como uma atleta neutra, sem defender as cores da bandeira da Rússia, cujo atletismo segue suspenso das competições internacionais pela IAAF por causa do seu envolvimento no escândalo de doping que atinge o país.

A participação de Stepanova representou um avanço para os atletas que podem possuir informações sobre práticas de doping, mas não as denunciam pelo temor de que as mesmas produzam consequências profissionais negativas para as suas carreiras.

Stepanova, por sua vez, rompeu um ligamento do pé direito durante as eliminatórias da prova dos 800 metros do Campeonato Europeu, e assim colocou em dúvida a sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.

Delatora deste grande esquema de doping, Stepanova recebeu, no início deste mês, o sinal verde da IAAF para competir na Olimpíada por sua “contribuição realmente excepcional para a proteção e promoção de atletas limpos, fair play e integridade”, conforme ressaltou a entidade. Ele foi liberada para competir como uma “atleta neutra e independente”.

E, ao comentar a possibilidade de Stepanova ficar fora da Olimpíada por motivo de lesão, Coe destacou nesta quinta: “Não queria que este fosse o final da história”. Para completar, ele lançou um desafio aos atletas em sua luta para combater o doping. “Eu faço este pedido (que delatem casos de doping) a todos os atletas. Se vocês acreditam que podem nos ajudar a superar este mal mais rápido, se podem nos ajudar a entender o desafio que enfrentamos”, clamou.

A IAAF suspendeu a Federação Russa de Atletismo de todas as competições internacionais, incluindo a Olimpíada, devido ao escândalo de doping praticado com a ajuda do governo russo. Coe, por sua vez, revelou nesta quinta que 136 atletas russos pediram dispensa e abriram mão de tentar disputar a Olimpíada, tendo em vista o fato de que apenas o que provarem inocência de que não se beneficiaram do escândalo é que poderão estar presentes nos Jogos do Rio.