‘Cocaína negra’: conheça a droga indetectável por cães que foi apreendida em Manaus

A droga é intencionalmente modificada para cães farejadores e testes preliminares não conseguirem detectar

Reprodução / Foto: TV Globo
Foto: Reprodução / Foto: TV Globo

A Polícia Militar de Manaus descobriu cerca de 40 quilos de “cocaína negra”, uma variação da substância intencionalmente modificada para ser indetectável por cães farejadores e testes rápidos. 

A perita Midori Hiraoka explicou ao programa Fantástico, da TV Globo, que os traficantes modificam quimicamente a cocaína branca, adicionando carvão ativado e outros corantes. Essas substâncias formam um complexo que impede a reação química que gera a cor azul característica do teste e também mascara o odor.

+ Novo ataque dos EUA contra suposta lancha do tráfico no Pacífico eleva mortes para 83

+ Traficante brasileiro é preso em condomínio de luxo em Portugal

A droga estava escondida nos fundos falsos de móveis e quadros dentro de uma mansão luxuosa. Localizada em Ponta Negra, bairro nobre de Manaus, a casa entrou no radar do Departamento de Investigação sobre Entorpecentes (Denarc) por servir como base para estocar e distribuir drogas.

A primeira abordagem foi realizada em 17 de outubro deste ano, quando os agentes encontraram 16 quilos de cocaína comum, a branca. Porém, as autoridades também apreenderam um caderno do tráfico. Ao analisarem o material na delegacia, encontraram anotações que descreviam: “40 quilos, 42 quilos dentro de cadeiras e de quadros”.

Segundo o delegado geral Bruno Fraga, a “engenharia criminosa” torna o entorpecente muito mais difícil de ser detectado e, por conta disso, o valor da droga é mais alto, podendo custar 10 vezes mais do que a cocaína tradicional. A droga veio do Peru e tinha como provável destino a Austrália.

Os policiais voltaram à casa com cães farejadores, mas os animais não encontraram nada. O cão não teria percebido a presença da droga, passou reto e não identificou que se tratava de cocaína. Os investigadores então decidiram examinar manualmente os móveis e quadros, encontrando a droga escondida ali.  Porém, o material não reagiu aos testes preliminares, apenas no exame mais aprofundado foi constatado que tratava-se de cocaína.

Vinícius Almeida, coronel de Polícia Militar e secretário de Segurança Autoral do Amazonas, conta que no ano passado, 43,2 toneladas de drogas foram apreendidas na região, e em 2025, a marca de apreensões já bateu 39 toneladas.

Por meio da rota do Solimões, o entorpecente chega ao Amazonas, um caminho que corta a Amazônia a partir da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Usada há décadas, a rota ganhou força nos anos 90 com Fernandinho Beira-Mar e atualmente é controlada por facções como o Comando Vermelho.

A polícia prendeu o casal de peruanos German Alonso Pires Rodrigues e Jeyme Farias Batalha. German trabalha para a dona do imóvel há mais de 10 anos. Em nota ao Fantástico, a defesa de ambos declarou que realizou um requerimento para um novo depoimento do casal, mas não comentou sobre as drogas encontradas na mansão.

A proprietária 74 anos não estava no Brasil no dia da ação e continua fora. A defesa diz que ela se colocou à disposição da autoridade policial para contribuir com as investigações e que o local onde os entorpecentes foram encontrados se trata de um anexo destinado à moradia do caseiro.