Uma aliança de combatentes árabes e curdos apoiada pelos Estados Unidos conquistou, nesta quarta-feira (23), a última localidade da Síria em poder dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), que ficaram confinados em duas pequenas aldeias – informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Com a ajuda de bombardeios aéreos da coalizão internacional dirigida por Washington, as Forças Democráticas Sírias (FDSs) lançaram, em setembro, uma ofensiva contra o último reduto do EI na província de Deir Ezzor, na fronteira com o Iraque.

Os combatentes curdos e árabes já tomaram a maior parte da região, apesar dos contra-ataques do Estado Islâmico (EI), que mostrou que ainda é capaz de cometer atentados.

Nesta quarta, as FDSs terminaram de conquistar o povoado de Baghuz, o único que restava nas mãos dos extremistas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Agora, o EI controla apenas duas pequenas aldeias e algumas terras agrícolas, completou o OSDH.

“As operações de varredura continuam em Baghuz para encontrar membros do EI que teriam se escondido”, disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, que acredita que as FDSs avançarão agora para os terrenos agrícolas perto de Baghuz.

– ‘Combatentes aguerridos’ –

Em 2014, o EI conquistou extensos territórios da Síria e do Iraque, mas, com o tempo, seu autoproclamado “califado” foi sendo reduzido consideravelmente como consequência de múltiplas ofensivas militares nos dois países.

“Vemos muitos combatentes inimigos (membros do EI) fugirem”, disse à AFP o porta-voz da coalizão internacional antijihadista, coronel Sean Ryan.

“As forças sírias se encontram a menos de dez quilômetros da fronteira iraquiana, mas continuam enfrentando a resistência de combatentes aguerridos” do EI, advertiu.

“Nossa missão continua sendo a derrota definitiva do EI. É difícil dizer quanto tempo levará, apesar dos avanços”, afirmou.

“Tentamos não falar em termos de prazos. Trata-se mais de enfraquecer as capacidades do inimigo”, completou.

Desde setembro, mais de 1.000 extremistas e 600 combatentes das FDSs morreram em combates, segundo o OSDH. Pelo menos 380 civis perderam a vida em atos violentos, completou.

Também houve um êxodo em massa de civis e de familiares de jihadistas do EI que fogem dos combates, e centenas de extremistas entregaram as armas, segundo o Observatório.

Apesar do recuo, os jihadistas reivindicaram dois atentados sangrentos em menos de uma semana contra as tropas americanas da coalizão e de seus aliados sírios.

Em 16 de janeiro, um suicida do EI atacou uma “patrulha de rotina” das forças americanas na cidade de Manbij (norte). Dez civis e cinco combatentes das forças curdo-árabes morreram no ataque, além de quatro americanos – dois militares, um funcionário civil do Departamento da Defesa e outro terceirizado do Pentágono.

Alguns dias depois, na província de Hasaka, um comboio das forças americanas foi alvo de um suicida que detonou um carro-bomba. Segundo o OSDH, morreram cinco membros das FDSs.

Hoje, além de seu reduto do leste, os extremistas do EI estão presentes, em um setor do deserto sírio que se estende do centro do país até a província de Deir Ezzor, onde enfrentam as forças pró-governo esporadicamente.