O novo governo da Finlândia anunciou nesta sexta-feira (16) um endurecimento de sua política migratória, um tema que estará nas mãos do Partido dos Finlandeses, o aliado de extrema direita da coalizão.

“Estou satisfeito por, junto com nossos aliados, termos chegado a um acordo que podemos definir como uma mudança de paradigma na política migratória”, declarou à imprensa a líder do partido, Riika Purra.

Antes chamada “Verdadeiros Finlandeses”, a formação ficou em segundo lugar nas eleições de abril e obteve sete cargos ministeriais, incluindo o Ministério do Interior, que supervisiona as políticas migratórias.

Depois de quase dois meses de negociações, o primeiro-ministro Petteri Orpo, líder da conservadora Coalizão Nacional, vencedora das eleições, se aliou ao Partido dos Finlandeses e outras duas pequenas legendas de direita para formar o governo.

A Finlândia “é o único país nórdico” que ainda não endureceu sua política migratória, disse a líder do Partido dos Finlandeses. “Agora isso mudará”, afirmou.

Entre outras medidas, as condições para obtenção de autorização de residência permanente, ou cidadania, serão mais estritas. As autorizações de residência concedidas ao abrigo de proteção internacional serão temporárias, e sua duração, igual ao mínimo em vigor na União Europeia, enumerou Purra.

“No futuro, a proteção internacional pode ser revogada se [a pessoa em questão] sair de férias para seu país de origem”, esclareceu, ressaltando que o reagrupamento familiar também será dificultado.

– “Cortes” –

O programa do governo também prevê uma revisão do sistema de benefícios sociais, com o objetivo de criar dois sistemas de previdência social diferentes, um para imigrantes e outro para residentes permanentes.

Também será incluída uma lei, como solicitava o Partido dos Finlandeses, para endurecer as sanções contra crimes cometidos por gangues.

As negociações para formar uma coalizão costumam durar um mês, mas estas, que começaram em 2 de maio, foram mais longas devido a divergências nas políticas climáticas e migratórias e também em relação à ajuda ao desenvolvimento.

Petteri Orpo parece ter cedido na questão da imigração para garantir apoio a seu plano de austeridade de 6,5 bilhões de dólares (cerca de 31 bilhões de reais na cotação atual), sua principal promessa eleitoral.

“Precisamos fazer cortes e economizar até mesmo onde mais dói. Porém, ao mesmo tempo, garantimos que nosso futuro será melhor”, disse Orpo.

Os quatro partidos da coalizão têm 108 das 200 cadeiras do Parlamento.

A direita já governou com o Partido dos Finlandeses entre 2015 e 2017, ano em que uma cisão dentro da formação resultou em uma linha mais dura.

Em 2021, a população de origem estrangeira no país era de 8,5%, ou seja, cerca de 470.000 pessoas.

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