A coalizão internacional árabe liderada pela Arábia Saudita admitiu que utilizou de forma limitada no Iêmen bombas de fragmentação de fabricação britânica, uma arma proibida por uma convenção internacional.

As bombas de fragmentação podem conter centenas de minibombas que se dispersam em um amplo perímetro.

As minibombas, no entanto, não explodem todas imediatamente e viram, de fato, minas terrestres, que matam e mutilam civis durante e depois dos conflitos.

A coalizão afirma que utilizou estas bombas do tipo BL-755 “contra objetivos militares legítimos para defender as cidades e os vilarejos sauditas dos contínuos ataques” dos rebeldes xiitas huthis do Iêmen.

A Arábia Saudita indicou em um comunicado que não utiliza mais as bombas BL-755.

A coalizão árabe iniciou a intervenção militar no Iêmen desde março de 2015 para apoiar o presidente Abd Rabbo Mansour Hadi contra os huthis, aliados dos partidários do ex-presidente Ali Abdallah Saleh.

A coalizão árabe é acusada de ter matado civis nos bombardeios, em particular contra hospitais ou cerimônias.

Em junho, a Anistia Internacional denunciou a morte de “16 civis, incluindo nove crianças, por bombas de fragmentação entre julho de 2015 e maio de 2016” nas regiões rebeldes fronteiriças com a Arábia Saudita.

Em setembro, a organização Handicap International publicou um relatório que citava 417 feridos e mortos por bombas de fragmentação em 2015, particularmente na Síria (248) e Iêmen (104).

A coalizão árabe afirmou que havia utilizado as armas observando o respeito ao direito internacional.

Quase 100 países ratificaram a Convenção de Oslo de 2008 que proíbe as bombas de fragmentação, entre eles o Reino Unido.

Arábia Saudita e Estados Unidos não ratificaram o texto.

“A coalizão confirmou que um número de bombas de fragmentação vendidas pelo Reino Unido nos anos 1980 foram utilizadas no Iêmen”, declarou o ministro britânico da Defesa, Michael Fallon.

O ministro elogiou a decisão da Arábia Saudita de parar de utilizar este tipo de arma.

“O Reino Unido continuará vigiando as entregas de armas e equipamentos militares a seus aliados do Golfo”, declarou Fallon.

A Anistia Internacional fez um apelo para que a Arábia Saudita “interrompa imediatamente a utilização de armas de fragmentação e destrua seus estoques”.

“É surpreendente que a coalizão liderada pela Arábia Saudita tenha precisado de tanto tempo para admitir formalmente que utiliza armas de fragmentação no Iêmen”, afirma a AI em um comunicado.