O chefe do Pentágono expressou nesta sexta-feira (15) vagas promessas de apoio à coalizão contra o grupo do Estado Islâmico (EI) enquanto o momento para a saída dos soldados norte-americanos da Síria se aproxima.

Os 13 ministros da Defesa dos principais países da coalizão internacional anti-jihadista, reunidos à margem da Conferência de Segurança de Munique, procuraram uma solução para o quebra-cabeças da retirada do principal contribuinte dessa aliança militar.

Patrick Shanahan, chefe interino do Pentágono, não forneceu soluções concretas.

“Embora tenha chegado a hora de reduzir o número de soldados norte-americanos no nordeste da Síria, os Estados Unidos continuam comprometidos com a causa da coalizão e com a derrota permanente do EI no Oriente Médio e em outros lugares”, afirmou.

Ele qualificou essa partida, por ordem do presidente Donald Trump, de “mudança tática” e prometeu manter as “capacidades antiterroristas na região” e permanecer “junto com aliados e parceiros”, mas sem dar mais detalhes.

– Nova situação –

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Para esses aliados, o tempo é curto. Os últimos combatentes do EI estão encurralados em um território de 1 km2 no leste da Síria, sob o fogo das forças árabes curdas (FDS), apoiadas pela coalizão, cuja contribuição corresponde principalmente aos Estados Unidos.

A iminente derrota do grupo do EI levará à retirada das tropas dos EUA das áreas controladas pelos curdos e redistribuirá as cartas entre os diferentes atores do conflito sírio.

A esse respeito, a França já indicou, por meio de seu Ministério da Defesa, que apoiará a comunidade internacional para garantir que não haja “ressurgimento ou metamorfose” do EI na Síria ou em outros lugares quando o grupo jihadista perder todos os seus recursos nos territórios conquistados.

A perspectiva de uma retirada dos EUA preocupa por uma possível dispersão de combatentes estrangeiros do grupo do EI e o ressurgimento de células na Síria.

Outro desafio importante é apresentado pelas áreas controladas pela milícia curda Unidades de Proteção ao Povo (YPG). Não se sabe se a Turquia, que classifica o YPG de grupo terrorista, atacará seus inimigos curdos e se Damasco, que está pedindo o fim da autonomia curda nesta área, tentará recuperar o poder com seus aliados, Irã e a Rússia.

Dentro da coalizão, “houve várias conversas para […] saber quando os Estados Unidos saírão da Síria, como garantir estabilidade e segurança, com que recursos e quem forneceria a ajuda”, disse Shanahan esta semana.

– “Força de observadores” –

Washington planejou a formação de uma “força de observação”, composta por seus aliados em uma zona de segurança no nordeste da Síria. Esta teria um duplo objetivo: evitar um ataque do exército turco contra os curdos sírios e impedir a reconstituição de células jihadistas na região.

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse na quarta-feira que há muitas “perguntas” sobre a área, sobre “quem garantiria a fiscalização, quem seriam os garantidores, quais seriam os limites” ou “que garantias” ofereceriam para os curdos.

Nos bastidores, uma fonte francesa foi mais direta em declarar à AFP que “é totalmente fora de questão que haja franceses no campo sem os americanos”. “Simplesmente não”, enfatizou.

E mais ainda, dado que “para garantir a segurança de uma área de 400 km por 30 km, seriam necessários 20 mil soldados”, alertou um alto funcionário europeu.


Enquanto isso, Turquia, Rússia e Irã, cujos presidentes se reuniram em Sochi (Rússia) na quinta-feira para discutir as consequências do plano de retirada dos EUA do nordeste da Síria, avaliam cuidadosamente o que foi decidido em Munique.


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