Criado em 26 de março de 1991, o Mercosul completa 30 anos nesta sexta-feira (26) e a avaliação da indústria é de que o bloco trouxe muitos benefícios econômicos, mas é preciso avançar mais. Em declaração conjunta que deve ser aprovada nesta quinta-feira (25) pelo Conselho Industrial do Mercosul, os líderes de entidades industriais de quatro países do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) defendem a retomada do crescimento econômico do grupo, maior participação do setor empresarial na agenda econômica e comercial do bloco, fortalecimento do livre comércio e ampliação de acordos com países estratégicos que representem ganhos efetivos.

Representando o Brasil no conselho, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que, durante as três décadas, o Mercosul contribuiu para a redução de barreiras tarifárias e atração de investimentos externos que formaram uma integração produtiva em setores de forte impacto econômico e social. Mas, é preciso ser fortalecido neste momento.

“O Mercosul é a mais relevante iniciativa de inserção internacional do Brasil até o momento. Porém, o futuro do bloco depende de mais crescimento econômico, do aumento da competitividade e da maior integração interna dos países”, destaca o presidente da CNI, Robson Andrade. A avaliação da entidade é que é preciso melhorar, sem perder os benefícios atuais do bloco. “O bloco parou de crescer e isso prejudica o Brasil”, diz a CNI.

Em documento, a entidade destaca os resultados econômicos para o Brasil proporcionados pelo bloco. Entre 2011 e 2020, por exemplo, o saldo comercial do Brasil com o Mercosul foi de US$ 54,9 bilhões, com a pauta mais diversificada entre todos os grandes destinos de exportações brasileiras. Segundo a CNI, o saldo só fica atrás da China (US$ 158,3 bilhões), com a ressalva de que a pauta exportadora com o país asiático é concentrada em poucos produtos.

O comércio do bloco resulta também na maior massa salarial por bilhão de reais exportado e produz o maior impacto em cadeia no Brasil, segundo a CNI. Já com relação a empregos, a entidade destaca que o Mercosul é o segundo destino em que as exportações brasileiras geram mais emprego, perdendo apenas para os Estados Unidos.

“Apesar disso, os países do bloco, inclusive o Brasil, passam por um período de deterioração econômica e da comoditização da pauta de exportação. Para reverter o quadro, o setor industrial propõe que sejam elaboradas e implementadas metas macroeconômicas realistas para estabilizar economicamente a região. Devem ser descartados objetivos não viáveis, como moeda única ou convergência macroeconômica”, diz a CNI.

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Para a entidade, outros desafios do bloco são as barreiras não tarifárias e a demora para internalizar compromissos. Como exemplo, destaca, o acordo para liberalização de compras governamentais do Mercosul, que foi celebrado em 2017, mas continua no Congresso.

A CNI defende ainda como prioritária a rápida conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), bloco formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Além disso, defende acordos de livre comércio efetivo com os EUA, além de parcerias com México, Canadá, Reino Unido, América Central e aprofundamento de acordos com a América do Sul.


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