Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela o esforço do setor industrial em manter os empregos mesmo em face da crise gerada pela covid-19. Apesar de 74% das empresas terem sido impactadas no atual cenário e 82% terem registrado queda no faturamento nos últimos 45 dias, 66% delas não demitiram funcionários em função desses impactos provocados pela pandemia. Mesmo entre aquelas que reduziram o quadro de empregados, 78% acreditam que essa medida será temporária, ainda que 86% afirmem que haverá redução de receita no setor industrial como um todo em 2020.

A pesquisa – encomendada ao Instituto FSB Pesquisa – buscou entender melhor o impacto, o posicionamento e as perspectivas dos empresários do setor industrial em meio à crise provocada pela pandemia da covid-19. Para 77% dos entrevistados, a situação da doença é muito grave (35%) ou grave (42%) no Brasil. O levantamento mostra, ainda, que três em cada quatro executivos diminuíram ou paralisaram a produção. E que 22% das empresas só têm condições financeiras de manter as atividades em funcionamento por mais 1 mês, enquanto outros 45% dizem que esse prazo é de no máximo 3 meses. Apesar do quadro desafiador, 44% acreditam que a economia brasileira vai registrar expansão nos próximos dois anos.

“É possível enxergar a resiliência do empresário industrial nos dados trazidos pela pesquisa. A demissão é uma das últimas opções e, por isso, é preciso dar condições para evitar que os executivos cheguem a esse ponto. Os dados mostram que as medidas trabalhistas, que resultaram em mais de 8 milhões de acordos individuais para redução de jornada e salário e suspensão de contratos de trabalho, foram importantes para a preservação de empregos”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. A redução da jornada impactou 39% das indústrias e a suspensão temporária dos contratos, 22%.

Adiamento do pagamento de impostos

Os impostos foram apontados como os problemas financeiros mais significativos para as indústrias pela a parcela mais representativa dos entrevistados (26%), seguido da folha de pagamento (23%). Diante do quadro, o adiamento ou parcelamento do pagamento de impostos representa a política mais eficaz do governo para 38% dos executivos. A maioria aprova as medidas governamentais, mas as considera insuficientes. Sete em cada dez executivos consideram apropriadas as iniciativas adotadas pelo governo. Quando questionados se essas ações eram suficientes o índice de concordância cai para 39%. Uma série de lideranças empresariais tem relatado à CNI dificuldades para acessar as linhas de créditos anunciadas pelo governo federal.

Para garantirem a preservação dos empregos, muitos empresários foram obrigados a reduzir a jornada de trabalho com diminuição proporcional dos salários ou suspenderem os contratos. O estudo da CNI revela que 56% dos empresários recorreram aos programas oficiais do governo federal e 53% renegociaram com fornecedores.

Proteger a saúde dos trabalhadores

Os dados mostram que praticamente todos (96%) os empresários consideram importante a empresa adotar medidas de segurança contra o coronavírus, como uso de máscara e distanciamento mínimo entre as pessoas. Igual percentual afirmou que, mesmo no cenário pós-isolamento a empresa continuará adotando medidas de combate ao novo coronavírus.

As três ações que devem ser incorporadas às rotinas de 98% das indústrias são a disponibilização de materiais de higiene pessoal, os esforços adicionais de limpeza e higienização do ambiente de trabalho e dos equipamentos individuais e a oferta de materiais de higiene pessoal e de proteção individual, como máscaras e luvas.

Metodologia

A pesquisa da CNI foi feita pelo Instituto FSB Pesquisa, por telefone, com 1.017 executivos industriais de todas as regiões do Brasil entre os dias 15 e 25 de maio, com intervalo de confiança de 95%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Confira mais detalhes da pesquisa:

Pesquisa – Empresários (CNI) – divulgação VF