Ribeirão Preto, 30 – O Coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon, afirmou nesta quarta-feira, 30, ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a alta de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária no primeiro trimestre de 2018 ante o trimestre anterior, foi uma “grata surpresa”, já que a entidade estimava alta entre 1,1% e 1,2% no indicador setorial. Segundo Conchon, o clima foi “extremamente favorável” ao desenvolvimento das lavouras no período, mas um cenário inverso ocorre no segundo trimestre. Com isso, a CNA reduziu a estimativa de alta do PIB agropecuário de 0,7% para 0,5% em 2018.
“Os efeitos adversos devem vir no segundo trimestre e apenas postergamos o crescimento menor previsto para o primeiro trimestre. Além dos problemas climáticos, o segundo trimestre vai refletir essa semana de paralisação dos caminhoneiros e a dificuldade de retomada de produtos aos mercados”, afirmou Conchon.
A CNA reduziu também a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 2,8% para 2,4% em 2018, por causa da “economia frustrada” do País.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o PIB da agropecuária cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2018 ante o trimestre anterior, com ajuste sazonal, e recuou 2,6% sobre igual trimestre de 2017. No acumulado de quatro trimestres, o indicador do setor tem alta de 6,1%, a maior entre os setores os avaliados tanto no desempenho trimestral quanto no acumulado.
Conchon afirmou que o crescimento maior do PIB agropecuário do que o do consumo das famílias (0,5%) e o da indústria (0,1%) no primeiro trimestre fez com que o excedente produzido no campo fosse exportado. As exportações de bens e serviços avançaram 1,3% nos períodos comparados, de acordo com o IBGE.
Fator que prejudica o consumo interno e que deve frear o PIB da agropecuária até o fim do ano é o descompasso entre a redução na Selic, para 6,5% ao ano, e os juros bancários para atender a demanda e o financiamento da produção agropecuária. “O consumo das famílias segue baixo, porque o spread bancário não caiu. A taxa de juros cobrada dos produtores não baixou e deve ficar acima da Selic também para a próxima safra, a partir de julho”, concluiu.