O clima político mais ameno abriu espaço para o dólar recuar ante o real nesta segunda-feira, 3, em dia também de commodities em alta e véspera de feriado nos EUA. No entanto, pouco antes do fechamento do mercado, o dólar reduziu as perdas com a notícia de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso pela Polícia Federal dentro da Operação Cui Bono. Para especialistas do mercado de câmbio, o fator principal da retração de hoje foi a percepção de enfraquecimento das delações do caso JBS, após atenuação da prisão do ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, que evitaria delação premiada contra o presidente Michel Temer e ajuda a garantir mais votos para a aprovação do texto da reforma trabalhista no plenário do Senado e da Previdência.

A prisão de Geddel foi baseada nos depoimentos do operador Lúcio Funaro e do empresário e delator Joesley Batista. A operação investiga a existência de práticas criminosas na liberação de créditos e investimentos por parte de duas vice-presidências da Caixa Econômica Federal: a de Gestão de Ativos de Terceiros (Viter) e a de Pessoa Jurídica. Uma das vice-presidências era ocupada por Geddel.

Segundo um operador do mercado, a prisão gera preocupação com uma eventual delação premiada e seus desdobramentos sobre o processo de reformas, apoiando, portanto, o ambiente de incertezas. “Os parlamentares ficam menos à vontade para ajudar Temer. Quanto mais perto das eleições de 2018, menos propensos os deputados estarão em se declarar favoráveis à reforma da Previdência”, disse o operador. Para ele, Geddel pode de alguma maneira estremecer os apoios da base aliada e de outros partidos, podendo pesar, inclusive, na defesa de Temer na acusação de corrupção passiva”, pontuou.

Ainda assim, o viés de hoje foi de queda. Para o operador da corretora Hcommcor Cleber Alessie Machado Neto, além de Rocha Loures, a retomada do mandato do senador Aécio Neves também contribuiu para a melhora do humor. “O investidor está de olho no ajuste fiscal e com o movimento do dólar de hoje está claro que os investidores preferem a continuidade de Temer à saída dele porque veem mais chances de as reformas serem aprovadas”, explicou.

Para o operador da corretora Multimoney Durval Corrêa, além da melhor percepção política, o avanço das commodities, com destaque para o minério de ferro e petróleo, também contribuiu para a valorização da moeda brasileira. Além disso, devido ao feriado do Dia da Independência amanhã nos EUA, quando os mercados ficarão fechados, as negociações de hoje terminaram mais cedo, levando a uma antecipação das negociações.

No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,20%, aos R$ 3,3053. O giro financeiro registrado somou US$ 1,34 bilhão. Na mínima, ficou em R$ 3,2940 (-0,54%) e, na máxima, aos R$ 3,3234 (+0,34%).

No mercado futuro, o dólar para agosto fechou em baixa de 0,20%, aos R$ 3,3210. O volume financeiro movimentado somou US$ 13,28 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,3120 a R$ 3,3425.