22/01/2021 - 9:30
Crianças acostumadas ao colorido desenho da Disney de 1940 podem se assustar com o realismo de “Pinóquio”, nova versão dirigida por Matteo Garrone que acaba de estrear nos cinemas. A história do boneco de madeira que sonha em virar um menino de carne e osso troca o tom lúdico da antiga animação por um clima sombrio que remete à obra original de Carlo Collodi. Publicada inicialmente como uma série para os jornais em 1881, virou livro em 1883 com ilustrações em estilo gótico de Enrico Mazzanti.
Realismo
O filme tem Roberto Benigni no papel do marceneiro Gepeto, que cria Pinóquio para amenizar sua solidão. Vencedor do Oscar por “A Vida é Bela”, Benigni curiosamente dirigiu sua própria adaptação de “Pinóquio” em 2002, onde ainda fez o papel do boneco. Na nova versão de Garrone, esse papel é de Federico Ielapi, ator de nove anos que teve de suportar sessões de quatro horas de maquiagem por dia durante os três meses de filmagem. A opção pelo uso de próteses faciais — feitas por Mark Coulier, de “Harry Potter” — e poucos recursos de computação gráfica deu ao filme um ar de realismo fantástico, em boa sintonia com personagens mágicos como o grilo falante, a fada azul e as marionetes vivas.
Garrone, conhecido por filmes violentos como “Gomorra” e “Dogman”, afirmou em uma coletiva no Festival de Berlim que decidiu adaptar a obra após ler o livro, há cinco anos. “Descobri coisas que não sabia sobre a história. Fui fiel ao livro porque quero que o público tenha a mesma surpresa que tive quando li”, disse o italiano.
“Pinóquio” é uma fábula que mostra às crianças os perigos que estão expostas quando não frequentam a escola ou desobedecem os pais. O tema pode parecer ingênuo aos olhos de hoje, mas, pelo jeito, Hollywood acredita na força de sua mensagem: o mexicano Guillermo del Toro vai adaptar a história em uma animação para a Netflix e o diretor Robert Zemeckis anunciou um remake para a Disney, com Tom Hanks no papel de Gepeto. O boneco de 140 anos está mais em alta do que nunca.