Há 40 anos, o Brasil perdia Clara Nunes, uma das maiores vozes da nossa música popular, que partiu de forma inesperada, em 2 de abril de 1983, após uma cirurgia para retirada de varizes, aos 40 anos de idade. Artista cantava a liberdade e lutava contra o preconceito religioso, ficou imortalizada na memória através de sua música. Na cidade do Rio de Janeiro, a mineira se encantou pelo samba e deixou de lado o bolero que a acompanhava até ali.

Em entrevista para o Fantástico (TV Globo), no último domingo (2), aniversário de falecimento da cantora, o Dr. Antônio Vieira de Melo, 83, cirurgião vascular que atendeu Clara Nunes, relembrou o momento do pós-operatório e falou sobre o que teria acontecido naquele dia. “Ela teve uma reação absolutamente desproporcional. Nunca mais vi na vida”, afirmou.

“Quando eu cheguei no hospital, ela estava brigando com o anestesista porque ele estava insistindo para não colocar tubo na garganta dela. Ela queria dormir, queria anestesia geral”, disse ele, explicando que o médico Américo Salgueiro aplicou a anestesia geral.

Ele lembra que, ao final do procedimento, notou algo estranho. “O sangue dela estava um pouco escuro. Naquela época nós não tínhamos a monitorização que nós temos hoje. Ela estava com taquicardia, frequência muita rápida, igual a uma parada cardíaca… Cheguei a fazer injeção intracardíaca de adrenalina. Ela voltou”, contou o cirurgião durante a entrevista.

“Estou com 58 anos de formado, nunca vi aquilo. Medicina… A gente não tem uma ciência exata igual a matemática. Cada ser humano reage de um jeito”, revelou ele.

Uma sindicância do Conselho Regional de Medicina, aberta para apurar o caso, não encontrou culpados e a investigação foi arquivada.